(928) LAMA, SOB A FORMA DE CARANGUEJO. (II/III)
IV
Passados 137 anos de Portugal reconhecer a independência em 1825
descrevia Castro seu Brasil:
“ (…) Quadros de vida
da vida dessa gente que vive atolada nos mangues sustentando-se da pesca de
caranguejo e siris, chafurdando nesse charco onde tudo é, foi ou vai ser caranguejo,
inclusive a lama e o homem que vive nela.
A lama misturada com urina,
excremento e outros resíduos que a maré traz, quando ainda não é caranguejo,
vai ser. O caranguejo nasce nela e vive dela. E o homem que aí vive alimenta-se
desta lama, sob a forma de caranguejo”.
“Não se pode esquecer que a colonização brasileira iniciou-se
no Nordeste sob o signo do medievalismo feudal, no qual se inspirou Portugal,
desviado da sua rota histórica por sua interminável luta com o Islão, e isolado
geograficamente do resto da Europa pela barreira dos Pirenéus, continuou encastelado
no seu feudalismo agrário, caracteristicamente medieval.
Portugal, ainda mais
do que a Espanha, como uma sobrevivência das cruzadas, impregnada de um
espirito ao mesmo tempo religioso e guerreiro, místico e de desenfreada cobiça.
Sob este aspecto, bem diferente da colonização inglesa da américa, mais de
índole burguesa e de espirito moderno, pós renascente e pós-lutheriano.”
Boa tarde.
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