12 maio 2014

(928) LAMA, SOB A FORMA DE CARANGUEJO. (II/III)















IV
Passados 137 anos de Portugal reconhecer a independência em 1825 descrevia Castro seu Brasil:

 “ (…) Quadros de vida da vida dessa gente que vive atolada nos mangues sustentando-se da pesca de caranguejo e siris, chafurdando nesse charco onde tudo é, foi ou vai ser caranguejo, inclusive a lama e o homem que vive nela.

A lama misturada com urina, excremento e outros resíduos que a maré traz, quando ainda não é caranguejo, vai ser. O caranguejo nasce nela e vive dela. E o homem que aí vive alimenta-se desta lama, sob a forma de caranguejo”.

“Não se pode esquecer que a colonização brasileira iniciou-se no Nordeste sob o signo do medievalismo feudal, no qual se inspirou Portugal, desviado da sua rota histórica por sua interminável luta com o Islão, e isolado geograficamente do resto da Europa pela barreira dos Pirenéus, continuou encastelado no seu feudalismo agrário, caracteristicamente medieval.

Portugal, ainda mais do que a Espanha, como uma sobrevivência das cruzadas, impregnada de um espirito ao mesmo tempo religioso e guerreiro, místico e de desenfreada cobiça.

Sob este aspecto, bem diferente da colonização inglesa da américa, mais de índole burguesa e de espirito moderno, pós renascente e pós-lutheriano.”


Boa tarde.