(924) PERFÍDIA.
Segredos da descolonização de Angola/Toda a verdade sobre o
maior tabu da presença portuguesa em África/( tese de doutoramento ) Alexandra
Marques/Maio de 2013/Quixote/543 páginas/ ISBN 978 -972-20-5233-7
Excertos :
“ Nalguns casos, a tropa portuguesa “também não se portou
bem” (…) cujos protagonistas não honraram a farda que vestiam.”
“Sem ter proposto no Alvor soluções mais protectoras aos
interesses das comunidades residentes (cidadãos de ascendência portuguesa,
cabo-verdiana, santomense, goesa) na questão da nacionalidade e dos bens
particulares: o governo de Luanda pôde, assim, criar legislação lesiva dos
direitos das minorias em causa.
No Alvor, Portugal não se bateu pela
permanência dos portugueses em Angola, após a independência, como fez para
conseguir deter tantas pastas ministeriais quantas as que eram tuteladas por
cada Movimento.
E os ministros indicados por Lisboa também não o fizeram, pois
não era sua missão defender os interesses dos portugueses que depois do dia 11
de Novembro de 1975 seriam estrangeiros.
“ Convém ainda esclarecer que, embora a expressão
descolonização (usada no titulo deste livro) seja recorrente para descrever as
transições para as independências, o termo é inapropriado para definir o que
foi mera transferência de poderes para os Movimentos armados, num processo que
não envolveu “exclusivamente nem sequer predominantemente o país colonizador”.
“Lamentando, no entanto, não ter sido ainda disponibilizada (por
quem certamente a detém) a lista sequencial das actas das reuniões da Comissão
Nacional da Descolonização, parcialmente dispersas em diferentes fundos, o que
muito contribuiria para os estudos sobre esta temática “.
É inimaginável o terror infligido aos portugueses, na
indiferença do exército ou na ajuda deste na caça ao homem branco – boatos , dizia o tenebroso Rosa Coutinho.
Em Angola, na sequência da trégua unilateral, o MFA exortava
ao direito dos nacionalistas se instalarem onde quisessem (…) defendendo (rádio
A Voz das Forças Armadas) “o direito de todos os elementos dos Movimentos e o
povo da mata escolherem livremente o local onde se fixar e viver”.
II
“Contaste q mataram um
furriel na Vila Alice quando patrulhavam e o Gen. Silva Cardoso mandou os
"páras" cercar o MPLA dizendo q, ou apresentavam o criminoso - sabia
q tinham sido eles - ou responderiam pelo acto.”
… Como?
- Com o exército em cuecas na parada a fugir do MPLA racista e da pretalhada de G3 ?
E os portugueses em
cárceres de Angola?
E a acção directa do MFA em favor do MPLA na
chacina de portugueses e na destruição dos seus bens?
Não morreram em Angola mais
soldados portugueses em dois meses que em todo o ano de 1973 ?
E o Palácio do Governador invadido por
centenas de brancos irados com a inércia dos militares que não os protegiam:
tinham percebido que as “Forças Armadas não estavam ali para defender os
interesses exclusivos da minoria branca” (…) e protestavam contra o
desarmamento dos brancos, a sua expulsão dos subúrbios e a insegurança
provocada pelos constantes tiroteios mais os snipers que aterrorizavam os
camionistas no trajecto de Luanda (…) entraram de rompante no gabinete de Rosa
Coutinho ensanduichado entre uma multidão completamente desgovernada a poucos
metros de o linchar?
(…) e que interesse tinham
os EUA no retorno em massa para ajudar o Grupo dos Nove a impedir Portugal
ficasse, como Angola , sob a influencia soviética ?
Vem tudo aqui !
III
25 de Abril de 1984/A
revolução da perfídia/General António Silva Cardoso/Agosto de 2008/Editora
Prefácio/234 páginas/ISBN 978-989-8022-79-0
“Perfídia é a maldade
absoluta, porque envolve não só a hipocrisia de atitudes mas também a mentira
despudorada, a mesquinhez de sentimentos, a inveja, a deslealdade e a traição “.
(...) “à enorme generosidade do general António
Silva Cardoso que, na primeira visita, me confiou o seu arquivo pessoal
relativo ao período em que exerceu funções em Angola” - Alexandra Marques.
Bom dia.
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