16 setembro 2009

OS NOVOS CANIBAIS DO BARREIRO NOVO.

I

O regime democrático da III República sustentado num sistema político perverso, está implantado a contente de todos os partidos e do povo soberano.


Se o artigo 2º da Constituição da República
(A República Portuguesa é um estado de direito democrático, baseado na soberania popular) não fosse um bluff o regime nas próximas eleições teria muita dificuldade em se afirmar:


se mais uma vez nada acontecer é porque adoramos, como portugueses, sermos enganados.

Então porque se queixam tanto?

II

Porque razão o Presidente da República está impedido de fazer “maldades ao sistema “ num período de doze meses intercalados - seis antes de terminar o mandato mais seis depois de iniciar o mandato - e os partidos no poder Autárquico podem aldrabar os eleitores incautos
(a maioria?) com inaugurações, muito circo, e “festas” em cima dos actos eleitorais?


III

Jorge de Sena:


“ (…) De Portugal chegam-me elogios e um silêncio de morte, de todos os lados – como essa pátria, tirando o povo e uns raros, é vil canalha, e mesquinha… (e a minha amargura de erudito é a descoberta de que realmente o foi sempre – pelo menos do século XVII em diante, quando realmente não merecíamos senão ter continuados espanhóis). E, tudo isto, sem estímulos e sem calor humano é uma cruz muito triste de carregar”.


Há dias em que penso que Jorge de Sena tem razão. Muita razão.

Noutros, penso que vale a pena ser português.


Agora, penso que não vale,


porque estou a ler FICHEIROS SECRETOS DA DESCOLONIZAÇÃO DE ANGOLA de Leonor Figueiredo, Alétheia , Agosto 2009,
e quem o ler ,sente vergonha de ser português.


Enquanto não acabar esta leitura, cerca de trezentas páginas, cada página que volto, volto o estômago e sinto nojo de ser português nesta III República:

seguramente se fosse espanhol, francês, holandês ou inglês não passaria por estas agonias estomacais.

IV

Aquando da inauguração do mercado 1º de Maio (a faltar menos de dois meses para as eleições autárquicas) o holandês, “dono” do Fórum Barreiro e inquilino da Câmara Municipal a pagar uma renda de 1000 € mês , no parque de estacionamento com 280 lugares, durante 30 anos no mesmo mercado, lembra-nos que não nos esqueçamos, que “a autarquia está muito bem entregue” notícias do Barreiro 9 Set 2009 pag. 12:

“Quero agradecer a entrega do presidente da Câmara nestes dois projectos, a autarquia está muito bem entregue.”


E porque não estaria melhor entregue nas mãos de um qualquer candidato às próximas autárquicas?


Se isto não é um abuso, em terra alheia, o que é um abuso?


A população não descurou questionar-se
(em boca pequena) :

que autoridade tem este investidor estrangeiro (bem-vindo como investidor, mal - vindo como um intrometido na vida politica do Concelho) vir fazer disto uma choldra ?

V

O Barreiro, culturalmente, é uma madrasta para os seus , e, puta de pernas abertas para os de fora.

Sempre foi assim, todavia , depois de Abril , está mais leviana .

VI

Quem não gostaria de saber quanto dinheiro público foi envolvido, nestes últimos meses, no “elemento escultórico”, em propaganda autárquica, festas, festarolas e inaugurações em cima de duas eleições ?



Boa noite.