UM-PAU-MUITO-BEM-AFIADO-NA-PONTA
Um dos hábitos da miudagem no Barreiro Velho ;
(no tempo em que as esquinas eram tertúlias à noite e a guarda não deixava ninguém parado depois das onze)
aproximarem-se sorrateiramente da malta mais velha e escutar as conversas.
(ala daqui. não são conversas para miúdos)
foi assim que ficámos a saber que se faziam desmanchos.
(só não sabíamos do que se tratava)
os desmanchos disto e daquilo eram muito falados.
(mas aqueles que nos interessavam eram outros)
Com o tempo, as cegonhas que iam e vinham de Paris, desapareciam, iam para outros lados e tudo se tornava mais complicado de entender.
escuta aqui escuta ali a malta descobriu o que se passava ;
metiam um pau – muito – bem – afiado – na – ponta, na barriga da mulher, com um miúdo lá dentro.
Falávamos entre nós e cada um dizia o que sabia;
e o pau – muito – bem – afiado – na -ponta não tira os olhos ao miúdo?
Até que a miudagem descobriu quem se ocupava destas coisas de tirar os olhos aos miúdos com um pau – muito – bem – afiado – na – ponta
(uma enfermeira que morava na rua vasco da gama e que dava injecções no posto médico da CUF.
- quem não vai lá sou eu !)
- se fores com a tua mãe ela não te faz mal.
(com o tempo íamos aumentado o nosso conhecimento e a confusão)
Isto interessava-nos muito mais que a tabuada e perder tempo a fazer cópias.
- e se me tirassem os olhos com um pau - muito - bem - afiado – na - ponta ?
olha do que me safei !
A enlaçar havia uma outra coisa
sem pau – muito – bem – afiado – na - ponta
para gatos e cães.
(nascia uma ninhada e era vê-los afogados num balde com água.
chegavam à muralha e pumba .
tudo no rio.
apareciam no bico – do - mexilhoeiro depois de atravessarem quatro bocas de cano esgoto) .
antes do sono chegar
bem-dizíamos a sorte
de não termos levado nos olhos
com um pau - muito – bem - afiado – na - ponta .
de não estarmos afogados num balde.
de não nos atirarem ao mar.
nem atravessarmos as quatro bocas de cano esgoto para aparecermos
no bico-do-mixelhoeiro.
(no tempo em que as esquinas eram tertúlias à noite e a guarda não deixava ninguém parado depois das onze)
aproximarem-se sorrateiramente da malta mais velha e escutar as conversas.
(ala daqui. não são conversas para miúdos)
foi assim que ficámos a saber que se faziam desmanchos.
(só não sabíamos do que se tratava)
os desmanchos disto e daquilo eram muito falados.
(mas aqueles que nos interessavam eram outros)
Com o tempo, as cegonhas que iam e vinham de Paris, desapareciam, iam para outros lados e tudo se tornava mais complicado de entender.
escuta aqui escuta ali a malta descobriu o que se passava ;
metiam um pau – muito – bem – afiado – na – ponta, na barriga da mulher, com um miúdo lá dentro.
Falávamos entre nós e cada um dizia o que sabia;
e o pau – muito – bem – afiado – na -ponta não tira os olhos ao miúdo?
Até que a miudagem descobriu quem se ocupava destas coisas de tirar os olhos aos miúdos com um pau – muito – bem – afiado – na – ponta
(uma enfermeira que morava na rua vasco da gama e que dava injecções no posto médico da CUF.
- quem não vai lá sou eu !)
- se fores com a tua mãe ela não te faz mal.
(com o tempo íamos aumentado o nosso conhecimento e a confusão)
Isto interessava-nos muito mais que a tabuada e perder tempo a fazer cópias.
- e se me tirassem os olhos com um pau - muito - bem - afiado – na - ponta ?
olha do que me safei !
A enlaçar havia uma outra coisa
sem pau – muito – bem – afiado – na - ponta
para gatos e cães.
(nascia uma ninhada e era vê-los afogados num balde com água.
chegavam à muralha e pumba .
tudo no rio.
apareciam no bico – do - mexilhoeiro depois de atravessarem quatro bocas de cano esgoto) .
antes do sono chegar
bem-dizíamos a sorte
de não termos levado nos olhos
com um pau - muito – bem - afiado – na - ponta .
de não estarmos afogados num balde.
de não nos atirarem ao mar.
nem atravessarmos as quatro bocas de cano esgoto para aparecermos
no bico-do-mixelhoeiro.
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