30 janeiro 2007

MAR VERMELHO


agarra aí que eu agarro aqui. um terceiro vulto leva um tabopan.


saem a meio da rua vasco da gama até ao cruzamento com a alfredo da silva.


na parede da conservatória do registo comercial e predial encostam a mesa.


o tabopan é apoiado no tampo.


os filiados

(militantes não são – estes estão ocupados nos sindicatos - comunistas também não- estes sabem que o homem das barbas é Karl Marx o do boné Lenine e o dos bigodes Staline e fazem outras coisas)

alimentam o ritual todos os sábados, pelas nove da manhã até uma menos dez .

( o almoço arrefece).


(o partido está em campanha eleitoral, no Barreiro, todo o ano; não vá a malta esquecer de novo e colocar outra vez os fascistas dos socialistas na câmara).


A mesa vem coberta com uma bela bandeira vermelha com a foice e o martelo e (palavras) partido comunista português.


Não se sabe se a mesa tem nódoas ou é de pau carunchoso.

(as virtudes das coisas tapadas.)


sobre a mesa- bandeira uma pilha de avantes. militantes. livros. muitos livros . cunhal. guevara. coelho. congresso. Europa. muita coisa sobre o aborto.

( miúdas muitas miúdas giras ; eu convencido que os desmanches era um problema de gente do campo)


no tabopam estão os ícones.

cunhal em cima à esquerda. humberto à direita.
jerónimo mais a baixo.

( o vasco não estava por falta de espaço)

à esquerda, debaixo de cunhal, um cartaz grande a dizer que

as “finanças do partido necessitam ser reforçadas”.


impressiona.


um partido, dito dos trabalhadores, sôfrego por dinheiro.
por outro lado compreende-se para quem passa permanentemente em campanha eleitoral.


(um colectivo profissionalizado tem os seus custos.)


no entanto é um partido com fundos e recursos financeiros.


após a revolução dos cravos, o partido, tinha o monopólio ,com holding de import-export , dos países de leste.


Empresa portuguesa, grande ou pequena, que quisesse negociar passava pela holding.


Com a queda do muro, muito provavelmente a holding caiu,
(ou definhou) como caiu a empresa que monopolizava as viagens para cuba e países de leste.


Com as voltas e reviravoltas deste mundo conturbado, os conhecimentos ,os negócios e a experiência, nunca se perdem.


Com Angola e as outras ex-colónias, países ditatoriais, a torneira não fechou.


(se tudo isto são boatos.

tenho pena .

porque gosto da riqueza em todo o lado .)