28 janeiro 2007

ANSIA DE PROTAGONISMO GERA DOENÇA

(acerca dos excessos de protagonismo doentio,
em que o Barreiro é fértil,
veio à minha memória um texto, do meu arquivo,
escrito algures, com alguns anos,
pelo António Mão de Ferro.)






Uma ambição desenfreada faz com que indivíduos incompetentes digam sim, ainda que pensem não.

Quem lhes proporcionar dinheiro, promoção, reconhecimento ou algo que lhes dê prestígio, tem o seu apoio.

Esta ânsia de protagonismo entra em contradição com a dimensão psíquica e daí às dores de cabeça, à fadiga geral, à taquicardia, aos problemas gástricos e outras doenças é um passo.

Ainda que o não queira, chega um momento em que o indivíduo se questiona quando menos espera.

Mas ao dirigir a pergunta a si próprio, faz de conta que não a ouve e considera-a impertinente, ainda que a julgue pertinente.

Mas, se ele consegue enganar os outros não pode iludir-se a si próprio.
Assim, não admira que haja cada vez mais pessoas a viver numa espécie de “nevoeiro psicológico”.

Sentem-se gritar sem voz e cair sem ruído.

Procuram então uma chave que lhes abra um espaço para onde possam empurrar e encurralar os pensamentos, mas estes dispersam-se, dão voltas e reviravoltas e atacam noutra altura.

Tornam-se em novos pesadelos a preto-e-branco.

Inabaláveis e silenciosos, e como um ataque de epilepsia, assaltam quando menos se espera, quais demónios imbecis e provocadores que geram ainda mais confusão.

Vive assim encurralado numa espécie de arena, fazendo de árbitro e procurando conciliar os choques entre os seus pensamentos divergentes.

Para sair do conflito em que se enredou, procura partir de um ponto zero.
Constrói um currículo que não é o seu e ambiciona alimentar uma espécie de amnésia em relação ao passado.

É preciso encontrar uma ponte que conjugue o que o indivíduo é e o que deseja ser, porque ainda que ela não preencha o vazio, assegura contudo uma passagem e uma continuidade.


( porquê inventar coisas que outros já inventaram.

porquê pôr-se em bicos de pés porque se é pequenino.
porquê estar a abrir portas que outros já abriram.
porquê estar aos gritos para se ser ouvido.

tanta coisa que já foi feita! )