(938) EURO VS ESCUDO (XXI-XXVI).
XXI
-Que vantagem competitiva temos?
A qualificação dos mais jovens.
XXII
- Esses já saíram do país ...
Muitos saíram. Mas ainda é o principal argumento na promoção
exterior. A população abaixo dos 35 anos tem das percentagens mais altas da
Europa de mestrados e doutoramentos. E com salários incomparavelmente mais
baixos que os da população do centro da Europa com a mesma qualificação. Isso é
um activo, tem de ser utilizado.
XXIII
- Mais exportações significam mais emprego e melhores
salários?
Sim. Mais cedo ou mais tarde. Há desemprego que não serve
nem com exportações: o das pessoas com idades mais altas e menos qualificações.
Na construção e obras públicas, Portugal teve 600 mil pessoas, 12% da população
activa. No mundo, o termo de comparação será de 4%, 200 mil. Tínhamos 600 mil
pessoas num sector onde os outros países, maiores, teriam 200, 300 mil. Só nesse
sector estavam 300 a 400 mil desempregados em potência.
XXIV
- Fala-se muito de reindustrialização. Primeiro, mandaram
deslocalizar; agora, pede-se mais indústria. Para além dos têxteis e calçado,
há outros sectores possa haver crescimento e industrialização?
Indústria em Portugal é engenharia. Falo de concepção de
produtos, com muita engenharia ou design associados. Reindustrializar não é
voltar à indústria antiga. Isso não tem hipótese nenhuma. Estamos a falar de indústrias
novas, intensivas em engenharia.
XXV
- Como ter esperança no futuro?
Às 8 da manhã de amanhã, lá estaremos a trabalhar.
XXVI
- E quem não tem trabalho?
Alguns têm a porta da emigração, que não é boa, mas é uma
porta. Outros têm o direito de pedir ajuda. Há apoios do Estado que são um
remedeio muito triste. Há o subsídio de desemprego e não concordo com a redução
da sua duração. Outros podem qualificar-se, melhorar as suas oportunidades. Há
o autoemprego, mas não resolve o problema de muita gente. [silêncio]. Não
consigo encontrar solução fora de nós. A salvação não vem de sítio nenhum.
Boa noite.
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