05 maio 2009

O LIVRO DE ESTILO. O SEU GUIA DE LEITURA.


SERVIR COM SUBSERVIÊNCIA.
A característica mais comum a esta imprensa barreirense , que permitiu que a domesticassem ,é a de servir com subserviência os poderes instituídos.

Por outro lado, dependendo a sobrevivência (dos órgãos de informação dos meios pequenos) em grande medida da publicidade institucional, acima de tudo mais convém não criar inimizades entre os barões locais, assumindo antes uma postura que na gíria recebe a designação de “jornalismo responsável”.
Se se almejarem voos mais altos, o discurso laudatório do poder é sempre incentivado.

TRAMPOLINISMO.

Um jornal representa sempre um certo poder, pois dele poderá depender o controlo da Opinião Pública.
Assim, que melhor rampa de lançamento político do que uma tribuna num jornal da região?

Daqui poderá resultar uma outra posição não rara (se bem que aparentemente contrária à apresentada no ponto anterior): as de raros opinadores, com alguma dificuldade, fazem da oposição aos detentores do poder local o seu cavalo de batalha.

A curto prazo são registados alguns benefícios ao nível do debate, caso do “Pravda do Barreiro “ , como seja o surgimento de um escaparate, em caixa de comentários, para (algum)as tendências políticas anteriormente privadas de voz.
Mas o espectro de ideias nunca se alarga muito pois o que os move não é a busca do pluralismo, antes a substituição de uma nomenklatura por outra: como diria Iznogoud, personagem ficcional (?) de Goscinny,
«Eu quero ser o Califa no lugar do Califa» — ou, reportando-nos a uma realidade mais caseira,
«O meu Cacique é o outro».

Se o “jornalismo responsável” pode apresentar brechas quanto ao poder político, o mesmo não se passa quanto aos diversos poderes aliados à igreja:
questioná-los (cada vez há mais comunistas no Barreiro em procissões e/ou debaixo do palio) poderia fazer tender o fiel da balança para o lado contrário, e não há nada pior para um político e um jornal “trampolinizável” do que um anátema.

MONOLITISMO.

Se há uma acusação que não podemos fazer a esta imprensa é a de falta de “coerência editorial”.
Para quê publicar artigos de opiniões divergentes, se a deles é que é a recta, como de resto o podem confirmar os seus muitos amigos?
Depois, a diversidade confunde o Povo ou, o que ainda é pior, leva-o a pensar nos assuntos e a decidir por si — o primeiro passo para a heresia...
Pluralismo sim, mas a uma só voz — os coros agradam ao Senhor!
(Walter Lippmann dizia que quando toda a gente pensa da mesma maneira, ninguém pensa grande coisa — mas que sabia ele da nossa realidade?)

Um corolário desta “coerência” é a consanguinidade de alguns jornais, com muitos colaboradores (ou mesmo artigos publicados) em comum — a esterilidade ideológica resultante deste incesto é aqui vista como um benefício.

-continua –










Boa tarde.