06 maio 2009

(II) O LIVRO DE ESTILO. O SEU GUIA DE LEITURA.

MANIQUEÍSMO.

Como consequência deste monolitismo cai-se numa abordagem maniqueísta dos assuntos, em especial se estes envolvem valores ideológicos: o Barreiro divide-se em “Nós” e “Os Outros”.

Nós os rectos, os defensores dos trabalhadores, mantenedores da tradição que tornou o nosso Povo Revolucionário que é; Os Outros — forças obscuras a orquestrar a corrupção dos valores morais e ideológicos da verdadeira esquerda.

E toda a análise é feita partindo deste pressuposto, sem meios-termos: “Barreiro um Sol de Abril “, a nossa cidade, ama-a ou deixa-a, esta ou aquela personalidade ora são oásis de moralidade, honestidade e dinamismo que todos deveriam seguir, ora são pólos de atracção reaccionária para o abismo em que o Mundo neoliberal
se afunda e nos afunda.

RECIPROCIDADE.

Mas que ninguém diga que nesta imprensa não se é amigo dos amigos!
O lema da maioria dos seus colaboradores parece ser «Diz bem sem esquecer ninguém» — em especial se esses outros de quem falam forem políticos com raízes firmadas no Concelho, pois se «O primeiro e maior dever do homem é a gratidão» (nas palavras do Papa Pio XII), a materialização desta acabará por se fazer...

E, sendo esta imprensa tão generosa, há louvores que cheguem para (quase) todos, a começar pelos demais «verdadeiros intelectuais desta terra» que também escrevem em algum jornal (porventura o mesmo, ou escreveram uns versos – que morrem no mesmo dia – ou um livro de exaltação), e que na primeira oportunidade retribuirão, com juros.


PEDANTISMO.

Assim, como nos espantarmos que estes jornais transbordem de «insignes» colaboradores (entre eles o Eng. Qualquer-Coisa, «douto» como outro não há — excepto, claro, o «ilustre» Dr. Fulano, que por acaso também colabora no mesmo jornal), todos senhores de uma «prosa inspirada» e «magistral» com que «abrilhantam» os «perspicazes» artigos de opinião que em boa hora o jornal deu letra de forma…?

Faltam palavras para descrever o esplendor que reina na nossa imprensa.

FOSSILIZAÇÃO.


Evolução de mentalidade é algo que não diz nada (de bom) aos que fazem a imprensa que temos.
As ideias boas, os valores correctos, a ideologia salutar, a atitude a adoptar são as de um tempo mítico do “verão quente” ao qual essas pessoas ainda tiveram a “sorte” de pertencer ou de ouvir falar — (mais de noventa por cento das pessoas ligadas ao associativismo com dezenas de anos de dirigismo alternado o viveram)
e a desdita de ver como ele passou.

(Veja-se a aceitação fora do Barreiro Velho do mercado feirante que queriam enxertar no centro histórico – mais tarde ou mais cedo ganhará - ou a chamada dinamização cultural com feiras da ladra, bejecas, muita febra na brasa, acompanhadas de canções “espanholadas (!) ” mais a compreensão por omissão à agressão de arruaceiros a Vital Moreira. A pretensa destruição da estátua de Alfredo da Silva etc.etc.)

Toda a medida tendente a alterar “A Tradição dos valores do igualitarismo de esquerda ” ( o mercado de levante , a ocupação de casas por minorias étnicas ,com direitos sem deveres ,no centro histórico, roubo de água e electricidade, com topo de gama a pronto ,no passeio ) é obra de uns degenerados fascistas infiltrados.

Assim, não raro os nossos jornais (e as instituições) constituem-se saudosos de um tempo que felizmente já lá vai, (… dar casas!) eternos transmissores de ignorâncias e motores de inércia, manietado(re)s pelas teias-de-aranha de uma moral politica caduca e castradora.


- Continua




Boa noite.