( 879) PELA PRIMEIRA VEZ NESTES ÚLTIMOS 44 ANOS NÃO VOTO!
É com mágoa que escrevo isto mas tem que ser lido de um só fôlego.
E sem traumas nem vingançazinhas de merda que não é o meu
tipo de quem se expõe e enfrenta a realidade da vida a combater o código maldito do
politicamente correcto nunca tem traumas e dorme bem tem muitos inimigos e
poucos amigos e nem se serve do face porque este só tem amigos e são precisos inimigos aqueles que nos ajudam mais o mundo seria mais triste só com amigos é o caso em catadupa vieram agora várias lembranças que não supõem
justificações para quem já não tem nada a provar tinha sido destacado com um
outro companheiro muito mais velho do que eu hoje na casa dos noventa para fiscalizar o acto eleitoral para a eleição de deputados à Assembleia Nacional em 1969 e votar sozinhos quando nos
deixaram num largo no meio de pides legionários e bufos a democracia também os
tem com outros nomes lembro-me que estávamos muito apreensivos na noite
anterior tinha havido um comício num teatro ou cinema que já não me recordo mas
lembro-me de escrever as faixas com letra garrafal que os outros não tinham
jeito inventei a frase que mais gostava VIVA O POVO naquela época talvez
quisesse dizer alguma coisa hoje é uma idiotice e o incrível é que somos
idiotas sem o saber imediatamente à abertura entreguei ao presidente da mesa a
credencial e lembro-me também de nos receberem de pé a dar um ar de respeito o
que nos surpreendeu correu tudo muito bem e respeitaram-nos efectivamente só para que conste
estava no Alentejo mais precisamente em Grândola ou Alcácer já não me lembro muito bem porque não é importante o local como elemento
da CDE – Comissão Democrática Eleitoral do Distrito de Setúbal criada em 1969 não
confundir com o MDP que se transforma depois de 1974 em MDP/CDE mas perde a
função quando se transforma na correia de transmissão dos comunistas tendo em
vista a instrumentalização do frentismo antifascista ver a pág 558 de Tradição
e Revolução Volume II de José Adelino Maltez fiz parte da Comissão
Eleitoral de Recenseamento para as eleições de 1973 com nome chapado em
manifesto entre uma boa centena deles do distrito de Setúbal nestas não tenho
ideia de ter saído da Vila é muito curioso mas já não sei dizer a qual delas pertenci
na recolha e controlo dos dinheiros que entravam e saiam depois apercebi-me que era um
lugar muito apetecível e não compreendia o porquê se era de muita responsabilidade ainda filosofei ao lembrar Hegel e provavelmente Lenine nas suas tiradas sobre organização contra um pontapé que deram na gaveta e eu não queria esconder e explicaram-me que era muito
novo e tinha muitas coisas a aprender e que também há coisas em que não devemos
mexer mas é quase uma certeza que eu tivesse insistido sem resultados no tal materialismo e
empiriocriticismo e merdices tais que me tornaram sempre um mau aluno comprometendo
a entrada na universidade que graças a Deus nunca precisei com trabalho sempre
em triplicado para compensar mas tive muito orgulho em trabalhar sobre risco imprevisível e votar em duas eleições do estado novo Marcelista sempre perdidas à nascença tinha-nos
dado muito trabalho no Barreiro sobretudo a reorganização do caderno eleitoral de
1973 do Barreiro carregado de mortos Somos da comissão eleitoral e vimos
confirmar o caderno de recenseamento O senhor João está Ai que desgraça coitadinho
do meu João já morreu há anos em democracia não é muito diferente é mais sofisticado
e durante algum tempo recordava as caras dos heróis proto antifascistas que estavam
todos tolhidinhos debaixo da cama e só de lá saíram com o golpe militar do 25
de Abril de 1974 a berrar à porta da câmara municipal agora já nem me lembro dessas
caras a minha carreira profissional que fez passar tudo para segundo plano à excepção da família iniciou-se no dia 1 de maio de 1970 numa empresa do
maldito capitalista Champalimaud que me abriu os olhinhos nas visitas de
trabalho a feiras internacionais e a fábricas por essa Europa para mim a carreira foi a
verdadeira politica e o verdadeiro partido e nunca a trocaria por ideologia ou
religião nenhuma agora 44 anos depois no novo regime onde me empenhei no
arranque no possível e no impossível entre várias coisas a participar nas mesas
em várias eleições acabo por perder o orgulho e comer uns sapitos e decidir não prostituir o meu voto à puta de estrada em saldo a 3 ou 5 € mesmo que fosse para contrariar o que não quero e ir votar nas Autárquicas de 29 de Setembro de 2013 na III República
em agonia e moribunda nas mãos dos abutres da democracia e não recordar os
pesadelos do processo revolucionário em curso que durou uma eternidade ponto não
me arrependo de nada e não me considero um herói com muito mais coisas contarei talvez ponto fiz aquilo que deveria ser feito ponto amanhã é o dia do hipócrita
dedicado à reflexão de gente que não sabe pensar pois vingo-me amanhã no regime e nesta gente toda oferecendo-lhes a
obra-prima de Alberto Pimenta o discurso sobre o filho-da-puta que é naquilo em
que todos eles se transformaram ao matarem em lume brando a democracia
... prontes à séria
Bom dia.
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