(853) CARLO M. CIPOLLA, DAMÁSIO E O BARREIRO VELHO TRISTE.
O histórico Café Barreiro, edifício municipal adquirido [por
direito de preferência] em Outubro de 2005 por 112 mil euros, num contracto de
locação financeira ao Besleasing, com pagamento mensais em 20 anos, foi
encaixotado!
É do historiador italiano Carlo Cipolla o primeiro estudo rigoroso
(Nuno Severiano Teixeira (1990)) de um dos mais devastadores e incompreensíveis fenómenos
da humanidade: a estupidez.
Cipolla constrói toda uma tipologia do comportamento humano,
que divide em quatro categorias essenciais:
O imprudente. O bandido. O inteligente. O estúpido.
Aos três primeiros, partes do trivial, deixo-os de fora. É no
último que está o perigo e a causa das coisas.
Escreveu Cipolla que o estúpido é aquele que, causando danos
e perdas ao outro, não consegue, em contrapartida, qualquer vantagem para si
próprio - o que é de todo impossível compreender é, sem dúvida, o estúpido.
Que explicação poderá haver para que uma criatura cause
tantos danos e perdas, em tempo, dinheiro, tranquilidade ou bem-estar, sem em
contrapartida ganhar alguma coisa para si?
De facto não há explicação. Não haverá mesmo?
Cipolla trata da teoria geral da estupidez em cinco leis:
1ª Lei: Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subavalia o
número de indivíduos estúpidos em circulação.
2ª Lei: A probabilidade de que certa pessoa seja estúpida é
independente de qualquer outra característica da mesma pessoa.
3ª Lei: Uma pessoa estúpida é uma pessoa que causa um dano a
uma pessoa ou grupo de pessoas sem em contrapartida realizar alguma vantagem
para si própria ou inclusivamente sofrendo uma perda.
4ª Lei: As pessoas não estúpidas subavaliam sempre o
potencial nocivo das pessoas estúpidas. Em particular os não estúpidos. Em particular
os não estúpidos esquecem que em qualquer momento e lugar, e em qualquer circunstância,
pactuar ou associar-se com indivíduos estúpidos acaba por significar um erro
com custos elevadíssimos.
5ª Lei: O estúpido é a pessoa mais perigosa que existe. O estúpido
é mais perigoso que o bandido.
Questiona Cipolla: como é que tanta pessoa estúpida consegue
lugares de poder?
Porque os estúpidos, que têm como os outros cidadãos direito
de voto, as eleições oferecem-lhe uma ocasião magnifica (única!) para
prejudicar todos os outros de uma só vez, sem obter obviamente qualquer ganho.
Conseguem assim, estupidamente, perpetuar os estúpidos no
poder.
Conclui Cipolla: O potencial do individuo estúpido é
determinado não só por factores genéticos, mas também pela posição do poder e
autoridade que ocupa na sociedade.
Allegro ma non
troppo/Carlo M. Cippola/Ed. Il Mulino/Bolonha /1989/84 páginas.
Boa tarde.
Nota:
A propósito da “teoria geral da estupidez “de Cipolla o “O Erro
de Descartes- emoção, razão e cérebro humano “,António Damásio (1999), na página 71,
elucida de que
“as emoções não controladas e mal orientadas podem constituir uma
das principais origens do comportamento irracional. Tão pouco negarei que um
raciocínio que é à partida normal pode ser perturbado por inflexões subtis
enraizadas nas emoções”.
Será isto a estupidez da politica da politica estúpida ?
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