31 maio 2009

DOR DE DENTES.


I

Jorge de Sena tinha razão quando um dia ao reflectir sobre Portugal e os portugueses concluía:

“O nosso mal, entre nós, não é sabermos pouco; é estarmos convencidos de que sabemos muito. Não é sermos pouco inteligentes; é andarmos convencidos que o somos muito. “

II


(…) o advogado de acusação , chamou a sua primeira testemunha, uma avó de idade avançada.

Aproximou-se da testemunha e perguntou:

- D. Ermelinda, a senhora conhece-me?

- Claro.

Conheço-te desde pequenino e francamente, desiludiste-me.

Mentes descaradamente a todo o mundo, enganas a tua mulher com a secretária, ainda fizestes um filho na tua cunhada, e deste-lhe dinheiro para se livrar da barriga, manipulas as pessoas e falas mal delas pelas costas.

Julgas que és uma grande personalidade quando não tens sequer inteligência suficiente para ser varredor.

É claro que te conheço. Se conheço...

O advogado ficou branco, sem saber que fazer. Depois de pensar um pouco, apontou para o outro extremo da sala e perguntou:

- D. Ermelinda, conhece o defensor oficioso?

- Claro que sim..

Também o conheço desde a infância.

É frouxo, não tem tomates para manter a mulher na linha, ela anda a fornicar com os empregados da casa, o motorista, o jardineiro e até o carteiro dorme com ela, todo o mundo sabe, tem problemas com a bebida, não consegue ter uma relação normal com ninguém e na qualidade de advogado, bem... é um dos piores profissionais que conheço.

Não me esqueço também de referir que engana a mulher com três mulheres diferentes, uma das quais, curiosamente, é a tua própria mulher.

Sim, também o conheço. E muito bem.

O defensor, ficou em estado de choque.

Então, o Juiz pediu a ambos os advogados que se aproximassem do estrado e com uma voz muito ténue diz-lhes:

-Se algum dos dois perguntar à puta da velha se me conhece, juro-vos que vão todos presos !




Boa noite .