CURTIR A CRISE!
I
“Os portugueses não sabem falar uns com os outros, nem dialogar, nem debater, nem conversar.
Duas razões concorrem para que tal aconteça: o movimento saltitante com que passam de um assunto a outro e a incapacidade de ouvir. "
ibidem
Portugal, Hoje: O Medo de Existir p. 55 José Gil Novembro 2004 Relógio d’Água
II
Gil “esqueceu-se” de que os portugueses, desde os tribunais da santa inquisição, pensam ao contrário num perpétuo pensamento saltitante.
E também se "esqueceu" que os portugueses são uns calões – que sempre gostaram de viver acima das suas possibilidades – vaidosos e invejosos.
E isso sai caro.
Muito caro.
III
Manuel Alegre esteve na televisão.
Gostei de o ver: “tweed” castanho; gravata de seda no mesmo tom; e, por falar em tom, a voz do homem melhora com a idade: grave, poética, com certo travo marialva.
A barba é perfeita e o rosto de Alegre adquiriu feições romanescas evidentes.
Um Hemingway à nossa medida, que infelizmente não escreve como o Hemingway original.
Pena que Alegre continue a alimentar a fantasia de que é “dr.”, permitindo que os jornalistas o tratem por um título imaginário.
Não precisava.
E o resto?
O resto não merece comentário.
João Pereira Coutinho, (Expresso) Revista Única pg.16, 27 Dezembro 2008.
Boa noite.
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