03 janeiro 2009

CURTIR A CRISE!

I

“Os portugueses não sabem falar uns com os outros, nem dialogar, nem debater, nem conversar.

Duas razões concorrem para que tal aconteça: o movimento saltitante com que passam de um assunto a outro e a incapacidade de ouvir. "

ibidem
Portugal, Hoje: O Medo de Existir p. 55 José Gil Novembro 2004 Relógio d’Água

II


Gil “esqueceu-se” de que os portugueses, desde os tribunais da santa inquisição, pensam ao contrário num perpétuo pensamento saltitante.

E também se "esqueceu" que os portugueses são uns calões – que sempre gostaram de viver acima das suas possibilidades – vaidosos e invejosos.

E isso sai caro.
Muito caro.

III

Manuel Alegre esteve na televisão.
Gostei de o ver: “tweed” castanho; gravata de seda no mesmo tom; e, por falar em tom, a voz do homem melhora com a idade: grave, poética, com certo travo marialva.

A barba é perfeita e o rosto de Alegre adquiriu feições romanescas evidentes.
Um Hemingway à nossa medida, que infelizmente não escreve como o Hemingway original.

Pena que Alegre continue a alimentar a fantasia de que é “dr.”, permitindo que os jornalistas o tratem por um título imaginário.

Não precisava.

E o resto?
O resto não merece comentário.

João Pereira Coutinho, (Expresso) Revista Única pg.16, 27 Dezembro 2008.



Boa noite.