17 junho 2008

A CUF NA ORIGEM DO CAPITAL CULTURAL DO BARREIRO

Em politica a ingenuidade é um “pecado mortal”, por isso evitemos ser ingénuos com a "falsa polémica" da estátua Alfredo da Silva, se fica se vai, porque no próximo ano é ano de eleições autárquicas e teremos que optar que tipo de gente queremos para governar esta terra.

O “tema estátua” é uma opção política, pura e dura do partido, sem nenhuma ligação à questão estética do arranjo da Praça 1640 e de desconsideração à Cidade.

Não são opções políticas passar o “Parque Doutor Oliveira Salazar “ para “Parque Catarina Eufémia “;

ou engenheiro Duarte Pacheco (na Avenida da Praia) para Bento Gonçalves, mais a estranha Stara Zagora?

(com estratégia não conseguida nos anos 80 para que o nome da rua Stara Zagora continuasse e acabasse com o nome da actual Dom Manuel de Melo que deu o nome ao “campo do barreirense”.)

Porque não utilizaram , como opção politica, nomes impolutos de cidadãos barreirenses para reforço da nossa memória?



Continuação da página 181 da obra citada:

(…) O capital escolar e cultural que estes pais operários, apesar de tudo, já possuem, pesa ainda na afirmação da estratégia familiar de aproximação à escola.

É certo que os operários qualificados da CUF, na década de 40, não possuem, na esmagadora maioria dos casos, muito mais do que o diploma do ensino primário.

No Barreiro da sua juventude, esse capital distingue-os, todavia, de uma extensa camada operária que não aprende sequer as primeiras letras e que flutua, instavelmente, de fábrica em fábrica.

Ora é a obtenção desse grau escolar que lhes permite fugir a uma entrada demasiado precoce e indiscriminada no mercado do trabalho local.

Munidos de alguma instrução, estes jovens são precisamente aqueles que vão aprender um ofício primeiro passo para o início de uma carreira operária contínua e ascendente.

Não admira pois que, um dia mais tarde, sejam partidários incondicionais da escolarização dos seus filhos e filhas.

Os lugares sociais distintos que pais e crianças destes grupos domésticos ocupam no espaço da comunidade sugere-nos, em suma, um modo diferente de projectar a estratégia familiar no tempo.

Numa existência material menos incerta, os recursos humanos podem gerir-se a médio e mesmo a longo prazo.

No que toca à criança, começa a prevalecer assim a exigência da qualidade e solidez do seu processo de socialização na escola, sobre a necessidade e a pressa de a transformar num pequeno adulto precocemente posto a trabalhar, a troco de um salário.

Os encargos económicos obviamente mais elevados desta via justificam-se, apesar de tudo, pelas vantagens que podem gozar, mais tarde no mercado de trabalho, os possuidores de um diploma escolar.


Boa noite .