A ESTÁTUA DE ALFREDO DA SILVA SAI DO PEDESTAL E FICA NO CHÃO
A fria A.M. que tratava do mamarracho de Alfredo da Silva teve a intervenção de populares:
o mamarracho andou em bolandas do Largo das Obras ao Estádio com o seu nome;
um outro, muito indignado por se dizer na terra que
“ Alfredo da Silva criou o Barreiro “ e a desmentir atirou datas de 1475 e 1525 (!) (todos conhecemos a época de A.S. 1871/1942!) ;
um representante de um partido, sem votos nem assento, aproveitou a oportunidade para enviar o mamarracho para a nova rotunda do fórum;
enfim, faltou coragem e ninguém enviou o mamarracho para a Siderurgia.
O Presidente da Câmara puxou dos galões e recordou uma pergunta feita e resposta a um jornalista aquando das comemorações do centenário da CUF por estar sentado à mesa com um familiar de Alfredo da Silva:
sou militante do PCP, comunista e membro do comité Central e não me incomoda mesmo nada estar sentado ao lado de quem estava.
Queria assim justificar, porque a reflexão é do presidente dixit e não da Câmara:
Nunca disse que a estátua não ficava no mesmo sítio.
O que disse é que ela como está não fica
("como está "quer dizer: estátua propriamente dita, pedestal e espelho de água, aquela coisa onde a malta da praça lavava os caixotes).
Confessou o Presidente que o primeiro desenho de Busquet tem a Estátua no chão!
Mais disse:
Estátua sem pedestal volta no fim deste ano princípio do outro; se vai para outro lado tem todo o tempo do mundo.
Não vamos abrir nenhuma guerra!
("guerra " quer dizer:
avaliaram mal o sentimento do “povo” por desconhecimento ou cegueira e nunca imaginaram que teriam que lutar contra os seus por um plano que muitos dos seus não compreendem.
O monumento inaugurado em Julho de 1965 tem um aspecto pouco harmonioso e tecnicamente tem “ar bronco “, no entanto mamarracho não tem o mesmo sentido para todos.)
Sempre soube que um dos objectivos do partido era derreter o mamarracho, faltou-lhes autoridade e coragem.
A única coisa que conseguem ao fim de trinta e quatro anos é partir pedra, a pedra que ninguém liga.
Fica-lhes a espinha – em bronze – na garganta!
Quem conhece isto
lê na página 332 :
(…) a conversa junto do mamarracho a Alfredo da Silva , que ninguém tivera ainda a coragem de mudar de sítio, agora que a liberdade fora conquistada e a história se escrevia direita por linhas esquerdas(…)
Fica a questão :
quem defende a permanência da estátua de Alfredo da Silva no centro da Cidade não estará a defender "a nossa história" e a contrariar uma velha estratégia política/partidária dos donos disto e daquilo ?
in
A indústria e a luta em desenvolvimento
Armando Sousa Teixeira
edições avante
Março 2005
<< Home