02 março 2007

SANGUE E AREIA




Hoje ao passar junto à igreja de Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro Velho, deparei com um impressionante movimento de gente e de carros.

(o trânsito está cortado. )

Falo do funeral do jogador da bola Bento, que vai pelas dez de amanhã, para o crematório dos Olivais.

Na passada veio à minha memória Blasco Ibáñez.

Escritor espanhol, de Valência, nasceu em 1867.

Teve também o seu funeral - ninguém fica de fora - no ano de 1928.

Creio, não tenho a certeza se foi no romance “Sangue e Areia” escrito em 1908,

mas foi Ibáñez que disse;

a verdadeira fera está ali.

( e apontava para a assistência.)

Neste caso o espectáculo respeitava a toureiros, touros e matança.

Para mim, com touros ou sem touros, quaisquer assistências,

nestas ocasiões,

têm um pouco de feras.

Conheço bem a família da mulher do defunto.

Sei que sofrem.

Mas tenho dúvidas que o sofrimento seja tão abrangente.

O grosso está lá para o espectáculo:

- eu vi o gajo.

(e eu vi autarcas)

- não vistes o fulano.

( e eu vi políticos)

- eu abracei o sicrano.

( e eu vi abraços de répteis ofídios )

Outros vão porque é obrigação profissional.

Está lá a SIC e a TVI.

Fica sempre bem dar umas palavras à televisão , aos jornais e à rádio, e mostrar

pesar

afivelando a habitual máscara de tristeza.

Um espectáculo.


(um triste espectáculo)

Descansa em paz .