SANGUE E AREIA
Hoje ao passar junto à igreja de Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro Velho, deparei com um impressionante movimento de gente e de carros.
(o trânsito está cortado. )
Falo do funeral do jogador da bola Bento, que vai pelas dez de amanhã, para o crematório dos Olivais.
Na passada veio à minha memória Blasco Ibáñez.
Escritor espanhol, de Valência, nasceu em 1867.
Teve também o seu funeral - ninguém fica de fora - no ano de 1928.
Creio, não tenho a certeza se foi no romance “Sangue e Areia” escrito em 1908,
mas foi Ibáñez que disse;
a verdadeira fera está ali.
( e apontava para a assistência.)
Neste caso o espectáculo respeitava a toureiros, touros e matança.
Para mim, com touros ou sem touros, quaisquer assistências,
nestas ocasiões,
têm um pouco de feras.
Conheço bem a família da mulher do defunto.
Sei que sofrem.
Mas tenho dúvidas que o sofrimento seja tão abrangente.
O grosso está lá para o espectáculo:
- eu vi o gajo.
(e eu vi autarcas)
- não vistes o fulano.
( e eu vi políticos)
- eu abracei o sicrano.
( e eu vi abraços de répteis ofídios )
Outros vão porque é obrigação profissional.
Está lá a SIC e a TVI.
Fica sempre bem dar umas palavras à televisão , aos jornais e à rádio, e mostrar
pesar
afivelando a habitual máscara de tristeza.
Um espectáculo.
(um triste espectáculo)
Descansa em paz .
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