O APOGEU DO COBARDE: APRENDER COM NIETZSCHE (1844/1900).
Havia num partido um homem, que era demasiado medroso e cobarde para, alguma vez, contradizer os seus camaradas:
empregavam-no para todos os serviços, exigiam tudo dele, porque ele tinha mais medo da má opinião dos seus camaradas que da morte;
era um lamentável espírito fraco.
Eles reconheceram isso e fizeram dele, em virtude das circunstâncias mencionadas, um herói e, por fim um mártir.
Embora o cobarde, interiormente, dissesse sempre não, com os lábios pronunciava sempre sim, mesmo já no cadafalso, ao morrer pelas ideias do seu partido:
é que, ao lado dele, estava um dos seus velhos camaradas, que o tiranizava tanto pela palavra e o olhar, que ele sofreu a morte realmente da maneira mais decente e, desde então, é homenageado como mártir e grande personalidade.
In
Humano, Demasiado Humano (1886)
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