17 julho 2009

MORREU PALMA INÁCIO: PROFISSÃO ANTIFASCISTA.

I

Na noite de vinte e cinco para vinte e seis de Abril de 1974, noite dentro, encontrava-me à porta dos Penicheiros encostado à grade.

Na rua Aguiar passaram uns três carros que apitaram, com gente a gesticular de regozijo.

Acenei!

- Estás tu para aí a responderes aqueles filhos da puta?

- Porquê? (…sempre fui muito chato com os porquês!)

- Explica-te melhor?

- Quem são?

- Ia eu perder tempo a explicar-te as dezenas de anos de luta do partido!

Foi assim que vivi o primeiro - embate - embatucado com o

“Radicalismo Pequeno Burguês de Fachada Socialista” de Álvaro Cunhal,

escrito em 1970, em documentos do PC, e publicado em livro ,pelo Avante ,em Agosto de 74.

II

Naquela época não havia ninguém , que estivesse ligado a qualquer “coisa”, que não conhecesse o Algarvio, Hermínio Palma Inácio que inventou, em Paris, em 19 de Junho 1967, a Liga de Unidade e Acção Revolucionária conhecida pela sigla LUAR com meia dúzia de pessoas que valiam por cem , no seguimento ao assaltado ao Banco de Portugal, na Figueira da Foz.


Este assalto à Indiana Jones rendeu vinte e nove mil contos em notas de quinhentos e de mil ,ambas chapa 9 , que não tinham sido postas em circulação, pelo que

“ não possuem curso legal e poder liberatório , nem são susceptíveis, a qualquer tempo, de reembolso ou troca “.

Brilhante!

Palma Inácio ficará na história como um dândi megalómano
inconsequente,

(simpático, com capacidade empática fora do comum, como todos os politicos, de bom gosto, cacimbo, carro vermelho descapotável, saco de golfe no porta bagagem),

que optou como modo de vida ,viver sempre no fio da navalha.

Foi precursor do terrorismo moderno, que utilizava e aterrorizava o que estivesse mais à mão , para satisfazer os intentos da sua

esquerda jacobina donos da interpretação da história,
criadores da História das coisas a acontecer,
e do Povo Português.

III



Sabotador de aviões aos 25 anos num golpe militar que correu mal.

Empresário no Brasil.

Quis ocupar a Cidade da Covilhã para fazer explodir todos os seus acessos, estradas e pontes. Evadiu-se de diversas cadeias.


Desviou um avião da TAP com passageiros na “operação Vagô “para deitar uns papeis janela fora (que iriam derrubar Salazar ) sobre Lisboa e arredores.

Participou no esquema do assalto ao Santa Maria e ao quartel de Beja.

Ocupou em Março de 1975 um edifico em Cacilhas para a montar a universidade Proletária Ernesto e Luís em comandita com o PRP/Brigadas Revolucionárias para servir de “marco de luta contra a cultura burguesa “.

Forneceu armas à ETA.

Quis raptar altas individualidades afectas ao regime.

Em Junho de 2006 obteve uma pensão de valor mínimo de 600€ por

“ méritos excepcionais na defesa da liberdade e da democracia “.

Condecorado em 2000 com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. Sampaio a concedeu. Alegre a entregou.

Preso em Portugal e no estrangeiro o 25 de Abril apanha-o em Caxias.

Em 75 filia-se no Partido Socialista pela mão do amigo e protector Mário Soares.

Hermínio Palma Inácio passou sempre ao lado dos Países comunistas, do comunismo... e do pê cê pê.


IV


A lucidez politica ,na época , não oferecia muitas dúvidas:

Se os militares chamaram, e colocaram no poder, por duas vezes Salazar, para
” pôr o País nos eixos “
no seguimento do bordel da I República que durou 16 anos e que levou o País ao caos e à bancarrota,

competiria sempre aos militares desfazer o que tinham feito.

Fora deste quadro, seria seguir o percurso da história, ou outra coisa diferente não faria sentido.

Foi o que veio a acontecer em 1974.

Com uma pequena diferença nos rótulos:

De “militares fascistas” de 1926 , de um moderno exercito colonialista, passaram ,quarenta e oito anos depois, todos , a “capitães de Abril “.


V

(…) queria apenas notar que em Portugal nunca morrem resistentes anticomunistas, isto é, os que em nome da democracia e da liberdade , combateram justamente aquilo que Palma Inácio, entretanto posto em recato no PS e condecorado por Jorge Sampaio, chegou a representar.”
(...)

Ibidem Sábado 16julho2009 pag122 Alberto Gonçalves.




Boa noite.