07 outubro 2006

TEMPO QUE PASSA

As coisas, a partir de agora, passariam a ser assim – diziam os palhaços:

Deixava de dar ordens aos bichos, a torto e a direito, meter-me na vida dos palhaços, ser imprescindível (ainda bem…os cemitérios estão cheios deles), em compensação não as receberia, e ficava livre do circo.

É uma boa troca.
(não hesitei.)

Que se lixem as ordens!

Negócio fechado, disse eu.

Foi uma alegria no circo.

Eu, os palhaços, a hiena intriguista, o chacal choramingas, o porco grunhidor, a vaca –galo, a galinha manhosa, o burro medricas, o pato sabujo (bravos e mansos), e mais bicharada, ficámos eufóricos com o negócio do século – ainda agora começou – riamos, dávamos saltos de alegria, com muitos beijinhos e abraços.

Pela minha parte, nem queria creditar. Estava disponível para mim e para os cães.

(entretanto, viciado em palhaçadas, os cães de quatro patas proporcionavam-me continuar a dar ordens e a não discutir direitos adquiridos.)

Uma maravilha de vida calma e tranquila.
Mar. Muito mar.Ondas.Praia.Campo.Árvores. Muitas árvores.Fonte.Água fresca.

Aprendi a escutar o silêncio.

Isto, até ao dia, em que criei o barreiro velho.

Confesso que desconhecia, que um blog por mais estúpido ou inteligente, com o tempo passa a ter vida própria.

Com o tempo, o blog emancipa-se, ninguém tem mão nele, e ele tem-nos na mão!

O blog cresce, torna-se bulímico, e o dono compulsivo em alimentá-lo.

Perante isto, pensei: este sacana está a dar cabo de mim!

Então tomei uma decisão drástica – só volto quando quiser
(nem sabia o que me esperava).

Num intemporal e violento braço-de- ferro, entre mim e o barreiro velho, perdi
…e este sacana venceu!