07 março 2006

OITENTA E CINCO ANOS (Acto IV)

Dias Lourenço termina informante ao Congresso, com politica de quadros e os “erros da política disciplinar do PCP”:

Estes aspectos negativos da nossa política de quadros geraram nalguns camaradas um sentimento de temor em relação à direcção do partido que não os punha à vontade para colocar as suas faltas e erros ou os levava a aceitar facilmente opiniões injustas a seu respeito.

Por exemplo um funcionário que sofreu uma sanção injusta por pretensos desvios de carácter fraccional declarou posteriormente que se autocriticou e aceitou ter praticado actividades fraccionárias apenas para não ser expulso do partido.

Esta política disciplinar em nada contribuiu para elevar o prestígio do partido e da sua direcção…

(V Congresso do PCP, Edições Avante! , Outubro de 1957 )

É assim

É assim:
a gente despede-se, vai-se
embora amaldiçoando a terra,
carrega amargura que nem o diabo
aguenta; com o tempo vai
esquecendo injustiças, mágoas,
injúrias, morrendo por regressar
ao cheiro da palha seca, ao calor
animal do estábulo,
ao sonho do quintalório
com três alqueires de milho ao sol
e dois pinheiros bravos-
porque não há no mundo
outro lugar onde
enfim dê tanto gosto chafurdar

O sal da língua
Eugénio de Andrade