16 outubro 2012

(798) DOIDOS E PATIFES NA VIDA DE ESTRUNFE.



“QUE VIVAS EM TEMPOS INTERESSANTES “ *

“A denúncia torna-se um ofício e uma necessidade: vive-se dela, para satisfazer ódios, para eliminar inimigos, rivais, credores incómodos; e pratica-se para afastar suspeitas de traição, de tibieza.

Uma vez organizada e admitida, uma sociedade divide-se em denunciantes e denunciados: vale mais ser dos primeiros, e só é permitido ser uma coisa ou outra.

Os magistrados, ainda que queiram ser justos, não podem: se repelem os denunciantes, são logo denunciados por tíbios, ou por traidores.

Pactuar com o dolo, com a injustiça, é uma necessidade para os fracos, e desses é a maioria dos homens.

O Terror cria, pois, uma atmosfera mórbida que todos respiram, círculo vicioso de que apenas os quem têm força bastante para preferirem a morte, ou fortuna para alcançarem um exílio salvador.

À sombra do Terror, bafejados pelo ar viciado, prosperam e engordam sempre muitos, com o trabalho simples de afectar [mostrar] uma fúria superior à do vizinho.

Esse pequeno esforço dá mais do que a segurança: dá a impunidade para o roubar.

Ao lado dos energúmenos, aparecem os que fingem sê-lo, e constitui-se uma ditadura clamorosa de doidos e patifes”.

Onde já vi este filme?

Recordando a
Ruptura Constitucional e Guerra Civil 1820/1834
in Portugal Contemporâneo (1881) [livro segundo - 1828/1832].
Oliveira Martins (1845/1894)





*(uma de três maldições chinesas)

Bom dia.