(798) DOIDOS E PATIFES NA VIDA DE ESTRUNFE.
“QUE VIVAS EM TEMPOS
INTERESSANTES “ *
“A denúncia
torna-se um ofício e uma necessidade: vive-se dela, para satisfazer ódios, para eliminar inimigos, rivais, credores incómodos; e
pratica-se para afastar suspeitas de
traição, de tibieza.
Uma vez organizada e admitida, uma sociedade divide-se em denunciantes
e denunciados: vale mais ser dos
primeiros, e só é permitido ser uma coisa ou outra.
Os magistrados, ainda que queiram ser justos, não podem: se
repelem os denunciantes, são logo denunciados por tíbios, ou por traidores.
Pactuar com o dolo,
com a injustiça, é uma necessidade
para os fracos, e desses é a maioria
dos homens.
O Terror cria,
pois, uma atmosfera mórbida que
todos respiram, círculo vicioso de
que apenas os quem têm força bastante para preferirem a morte, ou fortuna para
alcançarem um exílio salvador.
À sombra do Terror, bafejados pelo ar viciado, prosperam e engordam
sempre muitos, com o trabalho
simples de afectar [mostrar] uma fúria superior à do vizinho.
Esse pequeno esforço
dá mais do que a segurança: dá a impunidade para o roubar.
Ao lado dos energúmenos,
aparecem os que fingem sê-lo, e constitui-se uma ditadura clamorosa de
doidos e patifes”.
Onde já vi este filme?
Recordando a
Ruptura Constitucional e Guerra Civil 1820/1834
in Portugal Contemporâneo (1881) [livro segundo - 1828/1832].
Oliveira Martins (1845/1894)
*(uma de três
maldições chinesas)
Bom dia.
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