07 junho 2011

( 758 ) A ERA DO VAZIO.


I

“o povo sabe o que quer
mas o povo também quer o que não sabe “.

In CD o sol de Oslo /Gilberto Gil


II


“ não humilhes as pessoas porque vão viver na ansiedade de vingar a humilhação “

in Andanças com Heródoto/ pág. 155/ Ryszard Kapuscinski


III


“ Não parece fazer muito sentido que a população, muitas vezes ignorante e sem tempo nem conhecimentos para tomar boas decisões, escolha governos com base em campanhas iguais às que se fazem para vender sabonetes [… nove de cada dez estrelas de cinema usam o sabonete LUX].

A probabilidade de isso permitir escolher o governo mais competente é escassa.

Seria como se os passageiros de um avião tivessem de escolher por votação quem o vai pilotar:

A probabilidade seria que votassem não nos mais competentes, mas nos mais loquazes, nos bonitos e nos mais ricos ou trapaceiros que, por terem mais dinheiro, poderiam fazer melhores campanhas a seu favor … e o resultado seria que muitos mais aviões cairiam.

Com tantos controlos democráticos, negociações de bastidores e pessoas a gritar em cacofonia, o governante é incapaz de melhorar as coisas.

É por isso uma tentação suspender a democracia pelo menos por algum tempo, até os problemas mais graves ficarem resolvidos.

Se a democracia não é boa quando as coisas não correm muito bem, também não precisamos dela quando as coisas correm bem.”

In filosofia em directo/ Desidério Murcho/ pag.16


IV


… e, no entanto, o sistema funciona e desenvolve-se, em roda livre, no vazio, sem adesão nem sentido, cada vez mais controlado pelos “ especialistas” os últimos sacerdotes
[como diria Nietzsche] .


In Gilles Lipovetsky


V



Não passam de resquícios das (re) leituras e dos CD’s em semanas de desintoxicação (já previstas aquando da decisão de novas eleições) para estar afastado e sem saudades deste enxabido Sol Da Bril e das caras que cansam; sem a Net e sem a cabo; liberto da estúpida política eleitoral da TV e dos debates à preço certo do gordo, dos comentadores trafulhas, da propaganda sonora, da propaganda de mão em mão, dos políticos e dos partidos, da perversidade intelectual do” jornalismo” da minha terriola, on-line ou em papel; sem as enervantes notícias do Barreiro Novo: metodicamente repetitivas, cansativas, doentias e demolidoras de um bom estado de espírito.


VI



… e, no entanto, votei!






















Boa noite.