29 abril 2008

APRENDER COM O ABADE DE JAZENTE

Tendes o cravo no peito,
O lugar impróprio é;
Pois se o tivésseis no pé,
Era o lugar mais perfeito:
Não julgueis, que o meu conceito
Vos faz a menor censura;
É só com doce brandura,
E sem vos fazer agravo,
Dar-vos pancada no cravo,
Sem tocar na ferradura.


A Trinta e cinco réis custa a pescada:
O triste bacalhau a quatro e meio:
A dezasseis vinténs corre o centeio:
Do verde a trinta réis custa a canada.

A sete, e oito tostões custa a carrada
Da torta lenha, que do monte veio:
Vende as sardinhas o galego feio
Cinco ao vintém; e seis pela calada.



O cujo regatão vai com excesso,
Revendendo as pequenas iguarias,
Que da pobreza são todo o regresso.

Tudo está caro: só em nossos dias,
Graças ao céu! Temos em bom preço
Os tramoços, o arroz e as Senhorias.


Não é só, que na Corte se recreia
Com nomes estrondosos a vaidade;
Porque a ambição até na soledade
Empregos forma, e títulos granjeia.

O Barbeiro é Doutor na sua Aldeia,
O Lavrador Morgado, o cura Abade;
E a Sobrinha , imitando as da Cidade,


Quer Senhoria, e Dona se nomeia.


O Juiz do Concelho é reputado,
Como se fosse um Rei de Augusta Estirpe,
E é tido um escrivão por Magistrado:

E sem que esta ilusão se lhe dissipe
Da fantasia vã, quer ser tratado
Qualquer Capitão-Mor, Conde de Lippe.

in
Poesias
1786
Abade de Jazente
1719/1789
(Paulino António Cabral
Foi ordenado presbítero e nomeado abade da Santa Maria de Jazente, bispado do Porto em 1748.)


Coisas de uma figa





A 5ª Divisão do MFA até ao 25 de Novembro de 1975 tinha igualmente ideias sobre a composição do “Povo”.
Segundo os seus ideólogos, pertenciam ao “Povo” os operários ( ainda não tinha sido inventado os “trabalhadores”) os camponeses, os empregados de escritório e os empregados de comércio.
Mas já não pertenciam ao “Povo” os “administradores”, os “gerentes” e os “encarregados”, que eram, sem dúvida, “verdadeiros lacaios dos exploradores”.
Mesmo que o não queira:

“ Portugal, mesmo que o não queira, terá bordada na sua bandeira uma estrela de cinco pontas “
Capitão aviador
Faria Paulino
in
Diário de Notícias
17 Setembro1975



BOA NOITE