09 dezembro 2007

OS CONDENADOS DA TERRA

Encontra-se em Lisboa, este fim-de-semana, vindos do corno de África, o maior número de facínoras por metro quadrado, de que há memória.

Refiro-me à cimeira União Europeia – África.

Neste propósito, lembrei-me, de Frantz Fanon


e a acreditar nos que dizem que os mortos dão voltas na campa, este será mais um deles que não tem estado parado, pois pertence-lhe a paternidade de
“ OS CONDENADOS DA TERRA”,
um manual ideológico para a descolonização do terceiro mundo (África, Ásia e América Latina).

Fanon escrevia isto em 1961;

(…) Há séculos que a Europa deteve o progresso dos outros homens e os submeteu aos seus desígnios e à sua glória; há séculos que, em nome de uma falsa “aventura espiritual” sufoca quase toda a humanidade. Olhem-na hoje a oscilar entre a desintegração atómica e a desintegração espiritual (…).

mais isto

“ A Europa adquiriu tal velocidade, louca e desordenada, que escapa agora a qualquer condutor, a qualquer razão e atinge uma vertigem terrível num abismo de que devemos afastar-nos o mais rapidamente possível “.

com isto

“Decidamos não imitar a Europa e orientemos os nossos músculos e os nossos cérebros numa direcção nova. Tratemos de inventar o homem total que a Europa foi incapaz de fazer triunfar “.

finalmente

“Realizaremos todos juntos e em qualquer parte o socialismo revolucionário ou seremos derrotados um a um pelos nossos tiranos”.

Fanon culpou sempre a colonização de todo o mal em África. Culpou a Europa e o homem branco “os condenados da terra”.

Culpou o colonizador do atraso do povo africano.

Não viu (ao morrer com 36 anos) a sua África livre, independente e descolonizada, entregue à negritude, como não viu, o maior inimigo do preto o preto!

Foram muitos os que acreditaram neste Marx-Africano e no outro que lhe deu o nome.

A história veio confirmar, mais uma vez, que os revolucionários de ontem são a barbárie de hoje.
Deste modo também se esboroou a maior fraude da história da humanidade; o comunismo… e o homem novo.


Ter-se-ia, também, desvirtuado noutra fraude, a contemporânea e esquerdista terceira República?


Frantz Fanon nasceu em 1925, na Martinica, de uma família burguesa negra.
Médico psiquiatra dedicou-se à neuro cirurgia num hospital Argelino.
Expulso em 1957 por pertencer à FLNA
(frente de libertação nacional argelina)
fixou-se na Tunísia até à sua morte em 1961.

Tem vasta bibliografia.

O mais conhecido é este
que lhe deu nome.

Escrito em 1961, ano da sua morte.
Editado pela Ulisseia em meados dos anos sessenta tem prefácio de Jean-Paul Sarte

Mais este

Edição A.Ferreira /Porto na mesma época.

São os únicos de Frantz Fanon , que saiba, editados em português.


Boa noite.