07 novembro 2007

POLITICOS MANHOSOS E NÚMEROS REDONDOS


Quem não se lembra do gastador primeiro-ministro Guterres, num esforço mental, a olhar o tecto e a concluir:
é fazer a conta!
Foi o momento mais hilariante e representativo da incapacidade do português lidar com a matemática, o cálculo mental e números, desde a Fundação da III República em 25 de Novembro de 1975.

Terminou hoje mais um ciclo de “discussão” na Assembleia da República do mais importante documento anual do Estado, o Orçamento.

Neste documento, o governo em exercício, seja de direita ou de esquerda, prevê o dinheiro que entra e o que sai.

O dinheiro que entra e o dinheiro que sai, nunca tem o mesmo tratamento para todos eles.

Há uns, quando têm dinheiro gastam-no. Outros investem-no.

Deveria, então, o contribuinte ser informado e incentivado a acompanhar o Orçamento do Estado, para entender como se gasta o seu dinheiro?

Seria desejável esta transparência, num País que diz ter a Constituição mais progressista da Europa.

Então como faze-lo, se em Portugal predomina o calão, o lamecha e o iletrado?

Parece difícil mas não é.

Conhecem isto?


Trata-se de um documento de partilha da informação da responsabilidade de Santana Lopes e Bagão Félix,

(já sei que um é idiota o outro representa o grande capital!)
do governo da coligação PSD/CDS na segunda metade da legislatura que começou em 2002 e terminou quatro meses depois em finais de 2004.

Lá dentro aprendemos, pela primeira vez, a entender as Contas do País, no Orçamento de 2005, que nunca passou do papel:


A Educação absorve 7,7 a Saúde 6,9 o que perfazem o total de 14,6 mil milhões de euros.

Do IRS+ IRC+ ISP (imposto sobre produtos petrolíferos) recebemos 14,3 mil milhões de euros o que são insuficientes para pagar a

Educação e a Saúde.

Em falta estão 0.300 mil milhões.

O PIB produto interno bruto é de 140 mil milhões de euros:

As despesas públicas comem 66 mil milhões.

Cada português paga como contribuinte, em média, mais de 3000 €
(IVA, IRS, ISP, IRC, I. Selo e Imposto Automóvel)

e recebe, em média, mais de 3500 €
( Saúde, Acção Social, educação básico e secundário, infra-estruturas ,
transportes, justiça, segurança, ambiente investigação e conhecimento).

Recebe mais do que paga!

Mais, muito mais informação, está lá.

Foi este o modo transparente, em vinte e quatro páginas, que
a direita do grande capital
escolheu para informar os contribuintes em Dezembro de 2004;

De onde vinha o dinheiro – que não é elástico – para se gastar nisto e naquilo e como sustentar vícios adquiridos cada vez mais difíceis de os alimentar.

Alguma esquerda nunca entenderá a necessidade desta pedagogia na gestão dos dinheiros públicos, porque reage primeiro e pensa depois, até aprender a respeitar o dinheiro dos outros.

Por isso, os que mamam na teta do Bordalo, continuarão a confundir tudo e todos com o pejorativo “neo-liberalismo sem sentido do social”.

Felizmente que o nosso actual primeiro-ministro “socialista” aprendeu com timidez a fazer contas; com o tempo melhorará.