02 julho 2007

CARLOS RATES

Falar do PCP é arrebatador quando se nasce no Barreiro, onde toda a gente conhece toda a gente, e vê, com sofrimento de idiota, aquele, que ontem gritava
“maldito capitalista que vai de Mercedes ”,
anda agora num da mesma marca!


Enfim. Parece uma história de miúdos. Mas não é.

Há muitos anos que invisto, se é que o termo está correcto, em bibliografia
– que nos ocupa uns bons metros lineares na biblioteca da família –
que ninguém lê , a não ser eu , de tudo o que fale de comunismo, socialismo, revoluções, Lenines e Lelinas , Fidel mais Fidela, Marx e Marxas.

Sei lá que mais
porque nunca sabemos de tudo quando se lê histórias da
“ditadura do proletariado e do PCP”.

O que hoje vou contar é para mim um espanto!

Neste fim-de-semana li, Pacheco Pereira, no Público, isto:








Carlos Rates,
que foi o primeiro dirigente do PCP, fez, nos anos 20 do século passado, uma série de propostas “revolucionárias” para resolver os problemas portugueses, no caso de ele ser escolhido como “ ditador proletário”.

Uma dessas propostas foi vender as colónias portuguesas para pagar a dívida externa, solução que ele pensava ser sensata e adequada ao governo de “ comissários” que propunha.

Rates era um homem interessante no sentido chinês de “interessante”, velho sindicalista revolucionário, agitador e organizador sindical, poeta e fadista “social”, romancista, o primeiro e único funcionário sindical pago na I República, articulista prolixo, amigo da URSS, homem de confiança da Internacional Comunista, porque não havia outra melhor, e que, se intitulava “ Lenine português”.

Acabou a aderir à União Nacional com uma curiosa declaração em que explicava que essa adesão era apenas a prossecução dos seus objectivos de sempre.
Num certo sentido, não estava a mentir.

O PCP praticamente varreu-o da sua história.

Quantas coisas, acontecem e aconteceram no Barreiro, foram varridas para debaixo do tapete da história?