22 março 2006

RECORDAR A ELITE BARREIRENSE

Vi hoje no Notícias do Barreiro, que a CMB teve a iniciativa de comemorar o nascimento de Augusto Cabrita.

Deram apoio a Cooperativa Cultural Popular Barreirense e o Cine Clube do Barreiro.

Evocar o aniversário de Augusto Cabrita, se fosse vivo faria oitenta e três anos, aceito e compreendo.

Não entendo é como aparece o CCB e CCPB nesta evocação.

A CMB tem legitimidade, é um dos seus atributos, evocar quem fez parte da velha elite Barreirense.

Deduzo que o CCPB aparece porque cedeu as instalações.
É um critério.

O CCB aparece, certamente, pelo homenageado ser um dos fundadores.
É um critério.

Gostaria mais se fosse o CCB a ter a iniciativa de homenagear um homem de cultura e seu fundador.

Gostaria mais se fosse o CCPB a comemorar o nascimento de um barreirense, vulto nacional e internacional.
Tê-lo como referência para as suas actividades culturais.

Em todo o caso estou de acordo que a CMB evoque quem quiser.

Espero que estas evocações não sirvam outros interesses.

Conheci o Augusto Cabrita.

A diferença de idades é grande.

Falámos a sós várias vezes.

Para quem não o conheceu, direi que não tem nada a ver com o tradicional camarro.
Intolerante. Esquerdista. Fanático.

Augusto Cabrita era um homem muito afável, culto, e de grande sensibilidade.

Dialogante, respeitador de opiniões.

Muito humano. Não era homem de "politicas".

Não esquecerei, o dia em que saímos do autocarro, rumo à estação dos barcos.
Ele para a RTP eu para a Ajuda.

Disse-lhe que estava mobilizado e que dentro de dias partiria no "Rita Maria " rumo à Guiné.

Parou.

Olhou para mim e disse-me.

Preferia ser morto a matar!

(Impressionou-me. Ficarei sempre convicto que me falou com sinceridade.)

Já depois da Revolução, em 75, encontrei-o na "Taberna do Empossado", em Alfama.
(Um restaurante (ex-de luxo ) que tinha sido ocupado pelos trabalhadores. )

Cada um ia acompanhado da sua gente.

Demos um fervoroso abraço de cumprimentos.

De regresso à mesa perguntam-me ;conheces o Augusto Cabrita?

Sim!

É do Barreiro!

(Respondi com vaidade.)

Naquela época, idolatrávamos a nossa terra.

Tínhamos orgulho em ser do Barreiro.

Velhos tempos!