02 fevereiro 2006

O ESCARRADOR (II)

É a partir daqui, que o escarro, com os seus direitos adquiridos, fica livre e o seu destino passa a ser o chão.

E não só! Persegue-me!

Tinha aí os meus treze anos, não esqueço as viagens de barco a Lisboa, para as aulas no Liceu Passos Manuel.

Viajava no “Alentejo”, no “Trás -os-Montes”, e no “Évora”.

Escarrava-se muito nos Barcos, que iam e vinham, de Barreiro a Lisboa.

Os de cima escarravam para os de baixo. Os debaixo escarravam para o mar.

Os debaixo com muita sorte, não levavam com um escarro, com a cumplicidade da gravidade e do vento.

Pelo seguro, viajava sempre em cima.

À época, em Lisboa, quem escarrava no chão pagava uma multa.

Depois das aulas, antes de apanhar o Barco, ia ao Rossio.

Na Tendinha, comia uma sandes de fiambre com um pastel de bacalhau.
A malta do Liceu, e eu, ficávamos junto à Suiça à espera dos que seriam multados.

Um espectáculo!

- continua -