(801) A HIPOCRISIA ESTRUNFE.
Em Maio de 2011
Enquanto digeria este “estudo”, com cerca de um ano e meio,
desconhecendo as suas repercussões e posterior avaliação séria e honesta da
situação, a sabedoria, de
Matias Aires
(Reflexões sobre a vaidade dos homens/ 39)
Ajudava-me a perceber
Só a vaidade costuma
decidir sem embaraço, porque não chega a imaginar-se capaz de erro; os homens
mais obstinados são os mais vaidosos, e sempre a porfia [paleio] vem à proporção da vaidade.
Enquanto procurava entender e descodificar o paleio da política e a política do paleio, feito à conta da desgraça alheia,
Helena Matos já tinha desmontado a porfia (o bold é meu):
“Como
mãe e membro de associações de pais conheci de algum modo o problema das
famílias que não pagam.
Não sei o que se passa neste caso – logo não escrevo
sobre ele – mas dos que conheci a maior parte das pessoas que não pagavam tal
não se devia a problemas económicos mas sim ao deixar andar que agora não me dá
jeito e outros pagam por mim.
Quem não tinha dinheiro tinha apoios ou dava
conta do problema e às vezes com enormes sacrifícios juntavam o dinheiro
e pagavam.
Recordo sobretudo as mulheres que após os divórcios ficavam sós, com
filhos a cargo cujas pensões de alimentos os pais raramente
pagavam.
Quanto aos que não pagavam as soluções escolhidas eram as
habituais e nenhuma muito justa para não dizer outra coisa: estas dívidas
eram cobertas pelo dinheiro dos então ditos carenciados ou pelas verbas das
necessidades educativas especiais.
Sendo que em boa verdade as famílias em
dívida não integravam estas circunstâncias.
Noutros casos negociavam-se algumas
borlas com as empresas que serviam as refeições e noutros casos ainda as
dívidas eram diluídas por aquilo que os outros pais pagavam.
E acreditem
que é difícil convencer as outras famílias a tal generosidade porque se
todos gritam arrebatadamente ”uma criança não pode ficar sem almoço”
quando em vez de uma são várias crianças e a dívida cresce, cresce… o
caso muda de figura.
Mais difícil ainda quando, como sucedia
frequentemente, essas crianças vinham de famílias que ostentava telemóveis e
carros não propriamente baratos ou quando se pede a mães que trabalham todo o
dia que paguem mais um pouco para que o menino A ou B cuja família nem está
muito ocupada possa almoçar na escola ou frequentar o ATL .
É muito fácil fazer
demagogia nesta matéria.
Nas escolas que conheci acho que nunca uma criança
ficou sem almoço por os pais não pagarem mas não creio que as soluções
encontradas tenham sido transparentes e justas.
A
vida ensina-nos: Casa onde há um panelão de sopa não há fome!
Sabem
como se faz uma sopa?
Os hipócritas caminham
em fila lentamente, vestidos de pesadas capas de chumbo.
Dante.
[divina comédia/o inferno/ canto 23/sexto fosso]
Boa tarde.
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