16 junho 2010

( 686 ) RECORDAÇÕES DA BANHA DA COBRA: AÍ QUIETO, PADRE CLÁUDIO!

PORQUE, SE DÁ MAIS UM PASSO, FULMINO-O IMEDIATAMENTE.

… vem aqui














no “O capitão Alvarez” de Vicente Blasco Ibañez volume II a 16$00 edição de 1930.

A ler , o Barreiro -da -Ganga se fez culto nas colectividades com bibliotecas e bibliotecários.

À época as colectividades eram poucas e fomentavam a leitura. Agora são muitas, não têm livros nem bibliotecários, repletas de analfabetismo funcional os autarcas chamam a isto associativismo.

… do mesmo autor A Desventurada e o Noviço da Ordem.
Edições e obras de fundo, desta casa: Livraria Renascença .
A Catedral, por Manuel Ribeiro, edição de luxo, grande formato, assinada pelo autor, ilustrada por Alfredo Cândido, magníficos desenhos à pena e aguarela, inéditos da Sé de Lisboa 40$00.
Na prisão, por Máximo Gorki 3$00.
Quatro de infantaria por Ernest Johannesen
A novela da guerra mais sensacional traduzida em 12 línguas e publicada em folhetins de 68 jornais, e reproduzida em Fim Sonoro. Grande sucesso a 10$00.
Livro Popular com lindas capas em tricromia a 2$00.
Ferreira de Castro. Emigrantes, 1ª edição a 15$00, 3ª edição a 10$00.
Dostoiesky, A voz Subterrânea a 8$00.Alfredo Gális as mártires da virgindade a 6$00.
Obras de W. Fernandez Florez , Porque te engana o teu marido ( um livro que interessa às mulheres e aos maridos ) cada volume brochado 12$00; encadernado 20$00.
Colecção azul (para crianças) O corcudinha pela condessa de Ségur Volumes cartonados a 10$00.



Os livros vendiam-se aos sábados de manhã - expostos no chão - na rua que existia entre a “vendas do campo” ao ar livre / praça do peixe e o mercado propriamente dito dos talhos, legumes e frutas, não faltando o vendedor da dita banha da cobra.

Enquanto o homem batesse com o pau na mala de papelão, assente num banco, e levantasse a tampa a olhar lá para dentro, ninguém arredava pé.


O tempo ia passando e a miudagem sempre à espera, todos os sábados, sem que o sacana do vendedor da banha da cobra se decidisse a mostrar-nos a “jibóia “até que sumiu-se da Vila.


Junto à praça lembro-me do antigo Parque e de andar de triciclo, oferta do pai natal CUF, todo ele em ferro com rodas pesadas gingonas e chiadeira irritante – sem pneus ou selim macio – no ringue de patinagem com chão de cimento – qual piso tartan! – mesmo encostado à grande biblioteca infantil (!) feita em ripado.

O parque estava sempre limpo. Havia cisnes muitas árvores e muito verde.

Tínhamos medo do jardineiro , estávamos proibidos de pisar a relva , e ninguém ficou maluco .


Só podíamos dar pão aos patos e aos cisnes. O parque estava rodeado de sebes fortes e altas , com ruas cheias de vegetação como a rua dos “namorados” e tinha portas em cimento a imitar trocos de árvores ainda com amostra na ilha e à volta do lago.



No verão e aos fins-de-semana ouvia-se música vinda de altifalantes.

Chamava-se parque doutor Oliveira Salazar. Agora chama-se parque Catarina Eufémia.

II

Estas recordações saíram rápidas da minha memória acompanhadas da caixinha da banha da cobra que havia lá por casa na rua direita e muitos livros comprados na praça ( dezenas que agora possuo de herança, transformados em livros raros!) por causa deste magnifico texto lido AQUI que contempla os grandes “da banha da cobra “ e esquece o franchising local dos vendedores de banha da cobra, gente sem profissão conhecida , para além de políticos eleitos, que “vestem bem, falam melhor e têm todos ar de pessoas bem instalada na vida e com posses” e que se pavoneiam pela Cidade do Barreiro a exibirem sinais exteriores de sucesso em vendas da banha da cobra.



III

Se os cães não vão para o céu, quando morrer quero ir para onde eles vão .















Boa noite.