HOJE MAIS UMA OCUPAÇÃO NO BARREIRO VELHO
Os ciganos atacaram na travessa de São Francisco nº 26, 1º andar e sótão.
(começa no Largo Rompana e acaba na travessa do asilo dom Pedro V ou seja desemboca no inicio da Miguel Bombarda. centro da cidade.)
Dez assoalhadas!
A técnica do assalto é sempre a mesma:
Arrombam a porta. Com fechadura ou corrente e cadeado.
Chamam uns drogados
(detesto o nome de toxicodependente. também os fumadores compulsivos são toxicodependentes. a nicotina é tóxico e droga)
dão-lhes umas moedas eles sabem os serviços a fazer;
tirar todos os tarecos que lá se encontram e coloca-los amontoados na rua .
fazer a ligação directa da electricidade à rede.
O trabalho é rápido.
Tarecos fora. Electricidade em casa.
A população das proximidades estava em pânico.
Uma das famílias mais antigas do Barreiro é co-proprietária do prédio e tomou precauções rapidíssimas para impedir o assalto ao seu património.
- já lá estão há mais de 24 horas ?
- isto é muito complicado !
- já têm coisas deles na casa ?
- só com uma ordem do Tribunal !
- mandar lá alguém ?
- não vejo como.
A Policia – ao fim de cinco horas de persistência – decidiram enviar um carro com patrulha, que foi rendido por outro, para dar protecção aos pedreiros que emparedavam por cento e cinquenta euros a porta de entrada.
Nestes trabalhinhos não há homens.
Só mulheres e crianças.
Muitas mulheres muitas crianças cães e gatos.
Porcaria muita porcaria.
Enquanto os pedreiros emparedavam as mulheres mais velhas vestidas de preto com lenço preto na cabeça provocavam alarido:
Isto vai tudo abaixo! Filhos disto e filhos daquilo.
Queremos ser indemnizados.
Já gastámos dinheiro!
(Senti um sentimento de saudade pelo sargento Reis e a sua matilha.
Um sentimento estranho.
O sargento Reis mandava no Posto: tinha muitos soldados mais o Cabo Zé -o -cabra alta e o Olho de Vidro o capitão.
Energúmenos da GNR nos anos cinquenta sessenta e setenta no Barreiro.
Não esqueço o sargento Reis meter-se dentro do seu carro um velho Fiat azul com a mulher ao lado e os filhos - um rapaz e uma rapariga- no banco de trás estacionado frente ao Posto.
Assim passavam as tardes de fim-de-semana.)
Passados todos estes anos os polícias de serviço eram jovens descontraídos.
Compreendo-os.
Também compreendo o actual presidente da câmara municipal do Barreiro – funcionário do pcp e membro do Comité Central: um bom profissional que leva a bom termo o igualitarismo de esquerda..
Também compreendo os ciganos.
Também compreendo os drogados.
Também compreendo os donos do imóvel.
Também compreendo o pânico da população.
Também compreendo o meu sentimento de saudade pelos energúmenos da GNR.
Como é bonito compreender!
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