19 dezembro 2005

QUE FAZER A ISTO ?

Recordo que fui convidado para cooperante, ainda o actual prédio estava em construção, e as reuniões realizavam-se no Centro Comercial Guinot.
A participação dos cooperantes (na primeira Assembleia Geral em que estive presente) limitava-se a um punhado, a maioria corpos gerentes, com mais um ou dois loucos, dos quais eu.
Os loucos eram os que intervinham.
Nesta primeira, em 22Dezembro2003, questionei o PLANO DE ACTIVIDADES E ORÇAMENTO PARA 2004, que uns dias antes tinha pedido à Direcção.
A questão principal era saber como obter receitas numa cooperativa sem produção? Estava entusiasmado em por à prova os meus conhecimentos profissionais de gestor comercial.
Mais confusão gera esta questão, quando falamos de uma cooperativa cultural.
A cultura aqui é virtual, os cooperantes não produzem, quer dizer que não existe um produto negociável com valor acrescentado.
Onde vai então a Cooperativa buscar os seus recursos financeiros?
A resposta encontrava-se no chamado Sector Comercial, com uma receita de 11500€.
Só em livros vendiam 5000€ ano o que corresponde, com boa vontade, a 1 livro por dia.
Com o Bar recebiam 4000 € ano o que dá de receita qualquer coisa como 11€ dia.
A Galeria tinha de proveitos 2500€ o que daria 200€ mensais de rendimento.
O rendimento da galeria de exposições, provinha do que chamavam … comissões. Seria assim: quem expusesse os seus trabalhos pagaria uma comissão sobre as vendas. E se não vendesse nada? Desconheço a resposta.
Neste orçamento constava a contrapartida no valor de 30.000€, como receita, por permuta do terreno da Sede. Estas rubricas são sempre polémicas pela subjectividade e a complexidade de qualquer negociação, pois arrastaria consigo outras questões, tais como o espaço da cooperativa estar distribuído por dois andares o 1º e o 5º e não ter ocupado o r/c?
Havia mais 23555€ relativo a “apoios de entidades oficiais e outros”. Perguntado … como é? Constatou-se que não passava de uma rubrica de fértil imaginação. Não havia apoios de ninguém.
Explicitamente havia uma rubrica de 7000€ relativa “apoios para actividades culturais”. De quem? Que garantias? Não havia nada de concreto.
Cooperadores entrariam cem, para uma receita de 1500€.
No meio de um silêncio sepulcral, ouvi as palavras do presidente da assembleia-geral: “ o que disseste são também as minhas preocupações”. Foi o único que reagiu. Um alivio para mim. Estava no meu perfeito juízo. O silêncio sepulcral continuou.
Cá fora, na rua, sou abordado por um director que me diz: “Não deixo de estar de acordo com as suas observações. A situação é preocupante.”
De regresso a casa, penso:” continuas o mesmo, não tens juízo!”