28 fevereiro 2006

APRENDER COM GUERRA JUNQUEIRO

In Pulvis...

Ronronando ao lume, dorme o cão e o gato.
Almas misteriosas, em que sonharão ?
Como que num dúbio lusco-fusco abstracto,
De ter sido tigre lembra-se inda o gato ?...
De ter sido hiena lembra-se inda o cão?...


Os Simples
1892

25 fevereiro 2006

COISAS COMPLICADAS

DR 37 SÉRIE I-A de 2006-02-21

Aviso n.º 394/2006

Ministério dos Negócios EstrangeirosTorna público ter, em 9 de Maio de 2005, o Secretário-Geral das Nações Unidas, na sua qualidade de depositário, comunicado que, durante a sua 29.ª sessão, o Comité Administrativo do Acordo Relativo à Adopção de Condições Uniformes de Homologação e de Reconhecimento Recíproco de Homologação dos Equipamentos e Peças de Veículos a Motor e Regulamentos n.os 30, 43 e 54, sobre disposições uniformes relativas à homologação dos pneus para automóveis e seus reboques, bem como Regulamentos n.os 108 e 109, sobre disposições uniformes relativas à homologação do fabrico de pneus recauchutados, concluído em Genebra em 20 de Março de 1958, adoptou, após votação, algumas modificações na redacção dos textos autênticos em inglês e francês do Regulamento n.º 54, sobre disposições uniformes relativas à homologação dos pneus para automóveis e seus reboques

Aviso n.º 395/2006

Ministério dos Negócios EstrangeirosTorna público ter, em 29 de Abril de 2005, o Secretário-Geral recebido do Comité Administrativo responsável pelo Acordo Relativo à Adopção de Condições Uniformes de Homologação e de Reconhecimento Recíproco de Homologação dos Equipamentos e Peças de Veículos a Motor e Regulamentos n.os 30, 43 e 54, sobre disposições uniformes relativas à homologação dos pneus para automóveis e seus reboques, bem como os Regulamentos n.os 108 e 109, sobre disposições uniformes relativas à homologação do fabrico de pneus recauchutados, concluído em Genebra em 20 de Março de 1958, em conformidade com o n.º 1 do artigo 12.º do Acordo, emendas propostas ao Regulamento n.º 109, sobre disposições uniformes relativas à homologação do fabrico de pneus recauchutados, concluído em Genebra no dia 23 de Junho de 1998

... coisas complicadas !

24 fevereiro 2006

SINDICALISMO SENIL (ActoII)

Vítor Griffuelhos foi o líder mais notável do sindicalismo no princípio do século XX.

Já lá vão cem anos!

Eis o seu conceito de sindicalismo:

Revolucionário, o sindicalismo adopta a “acção directa” como método de luta.

A greve, a agitação, a manifestação, a sabotagem, a boicotagem, até o motim.

Para realizar esta acção directa, os sindicatos não devem agrupar senão a elite do proletariado, a “minoria diligente”.

Contar com as massas conduziria a um revés: as massas são amorfas, encarneiradas, fáceis de enganar.

A acção directa faz-se contra todos os inimigos da classe operária.

Em primeiro lugar, o estado, cujos representantes (polícia, exército, justiça), estão lá para reprimir quando for necessário.

Os gestos que o poder pode fazer nunca são gratuitos: cada vez que é aprovada uma medida podendo ser favorável aos assalariados, os militantes desconfiam, rejeitam-na instintivamente, procurando descobrir quais as armadilhas que ela pode esconder.


Nunca Grifuellhos imaginaria, cem anos depois de ter agarrado a C.G.T. em França, que a situação se invertesse e os "representantes do Estado" o seguissem.

No século XXI, Estados fracos geram Sindicatos insurrectos!

As voltas que o mundo dá!

23 fevereiro 2006

SINDICALISMO SENIL

Vivemos permanentemente numa mentalidade Salazarista.

Pequenos. Pobres. Infelizes. Ninguém nos entende.

Patronato medíocre. Empresas medíocres. Trabalhadores medíocres. Instituições medíocres.
Salários medíocres.

Um Sindicalismo, pós Abril, medíocre. Senil.
Uma mentalidade colectiva medíocre.

Éramos os piores dos quinze. Passámos a ser os piores dos vinte e cinco.

Não acredito, nem estou convencido, na interrogação da identidade portuguesa.
Se aqui acaba a África, ou se começa a Europa.

Depois de Sócrates decidir desparasitar o jardim, manifestações, contestações, e todo o tipo de greves que lhe sucederam, deram-nos a dimensão da mediocridade do País.

Pouco se aproveita!

Do pouco que resta, ainda há muita lucidez:

Em Portugal, a tradição é ir para a greve.
Nós sempre achámos que não havia necessidade de parar a fábrica e prejudicar a economia nacional.
Ainda hoje esteve o PCP aqui à porta, a distribuir panfletos contra o acordo.


(António Chora, porta-voz da comissão de trabalhadores da Autoeuropa, em 31janeiro06 ao Jornal de Negócios).

Teria o Sindicalismo português, parado no conceito do sapateiro Griffuelhes?

22 fevereiro 2006

SOFLUSA, UMA GREVE ANTI-SOCIAL (Acto III)

A saga continua!

Amanhã, quinta-feira a ligação fluvial entre o Barreiro e o Terreiro do Paço, volta a parar entre as 5,15 h e as 8,15h.
À tarde entre as 17,30h e as 20,30h.

Horários de lesa Zé-povinho; um ludibriado de Abril!

Estas chamadas greves do pessoal de bordo, depois de um aumento geral no subsídio catamaran de 12,5 para 15 %, estão agora contra um subsídio (resultante da responsabilização das embarcações) aos mestres.
Não lembra ao diabo!

Neste País do politicamente correcto, a tão badalada Constituição da República Portuguesa, é inequívoca no artº 57º – Direito à greve:

3. A lei define…serviços mínimos indispensáveis para ocorrer à satisfação de necessidades sociais impreteríveis.

O Zé-povinho não tem necessidades sociais impreteríveis; mas tem a Constituição de Abril, a pensar nele; assim como o Simposium Pharmacêutico pensa no paciente.

Alguém decidirá por eles!

20 fevereiro 2006

BANDA MUNICIPAL DO BARREIRO (Acto III)

Questiona o Zé do Barreiro :

Já pensou fazer (escrever) as suas perguntas à CMB/BMB a ver o que eles respondem?


Eu respondo:

Entendo que um Blog é uma arma.
Uma arma municiada com ideias.
Por consequência um Blog está sempre subordinado à qualidade das munições.
Há blogues que não passam de pedras, ou arma branca de poucos centímetros, para limpar as unhas.
Outros são de ponta e mola. Traiçoeiros.
E muitos são bombas. Armas poderosas!
O barreiro velho é muito novo nestas andanças.
Não passa de uma pequena fisga. Não tem pretensões bélicas.
Por consequência escrevo o que penso, no barreiro velho.
É suficiente.
Se você quiser escrever, a pedir esclarecimentos, antes de agarrar neste assunto, leia primeiro José Estaline, e o que ensinou sobre armas e ideias:

As ideias são mais fortes que armas.
Não deixamos os nossos inimigos terem armas; porquê deixarmos que tenham ideias?


Antunes comenta:

Se algum de vocês conhecesse alguma associação cultural ou juvenil saberia que, desde que apfresente projectos válidos, estes são subsidiados pela câmara, em maior ou menor grau.

Eu respondo:

É muito complicado falarmos em projectos válidos analisados por autarcas!
E muito mais complicado é falarmos de cultura autárquica!
Em cultura autárquica, muito recente, o que eram projectos válidos para o PS não o eram para o PC. E vice-versa.
Por detrás de um projecto cultural ou outro está subjacente uma ideologia.
Este assunto é polémico e deverá ser visto caso a caso!

Quando diz:

De igual forma são inúmeras as associações que usufruem de instalações da CMB.


Eu respondo:

Não conheço nenhum caso. Conheci a situação das instalações do Teatro Experimental do Barreiro, no começo da Avenida da Praia, junto ao Transmontana, em que a Autarquia pagava 200 contos mês pelas instalações!

Ao afirmar:
Se a Banda fosse da câmara, os ordenados seriam pagos por esta, e não teria sequer património, pois este seria da autarquia.


Esclareço:

Quais ordenados? … os executantes da BMB desenvolvem uma actividade amadora
Há remunerações do regente e professores da escola de música, assim como despesas decorrentes do seu funcionamento. Unicamente.

Mais digo:

Pessoalmente estou de acordo que a BMB seja financiada pela Autarquia.
Não estou de acordo, que se utilize os nossos impostos para pagar a uma Banda com o nome de Barreiro, para depois andar a animar comícios em campanha eleitoral .

17 fevereiro 2006

BANDA MUNICIPAL DO BARREIRO (Acto II)

No meu escrito de 7 de Janeiro, entre diversas analogias, afirmava:

esta Banda Municipal do Barreiro anima agora comícios do PCP

E concluía :

Partidarizar a Banda é um mau começo, como proposta de renovação autárquica.

A propósito deste tema, António disse:

A Banda Municipal do Barreiro tem estatuto próprio e publicado em Diário da República.

Eu respondo :

É verdade. Tem mais coisas! Um Regulamento interno. Um Protocolo. Estatutos.

António disse:

É uma entidade que faz espectáculos como qualquer outro artista a troco de uma retribuição financeira. É a lei do mercado.

Eu respondo:

A Banda não é um artista nem está sujeita às leis do mercado!
Vejamos:
Artº 2 ºdo Regulamento Interno
A BMB é património da população do Concelho e tem por finalidade a prática e divulgação musicais, visando contribuir para o enriquecimento cultural da vida local…
Ponto 3º do Protocolo com a CMB
A BMB compromete-se a :
Disponibilizar-se quando solicitada, para participar em iniciativas promovidas pela CM e outras entidades do Concelho (Colectividades, Associações, Juntas de Freguesia ou outras) …
Artº 2º dos Estatutos
Constituem património da associação a receita da quotização dos sócios e das taxas cobradas pelos serviços prestados

António termina dizendo:
A CMB não tem nada a ver com relações comerciais que são estabelecidas pela própria banda que tem órgãos dirigentes eleitos democraticamente


Eu respondo:
Se assim fosse a Banda como Associação Cultural, não utilizaria instalações cedidas pela CMB. Não receberia um subsídio anual destinado ao funcionamento da Banda.
Estaria a BMB no movimento Associativo, sem a referência a Municipal, sem benesses autárquicas, como pessoa colectiva, autónoma, dotada de capacidade jurídica.
A viver das cotizações dos sócios e das taxas cobradas pelos serviços prestados.
Se é Municipal não é Associação!

Mais digo:
A perfídia deste imbróglio cultural encontra-se no artº 31 do regulamento interno:

A Banda Municipal do Barreiro considerará a sua participação em actividades de carácter político-partidário ou confessional.

Reitero:
A banda anda com o PCP e a Igreja Católica.
E se outro partido ou outra confissão religiosa solicita os serviços da Banda?
Concluo:
A BMB, com a cumplicidade da CMB, desvirtua os fins e os objectivos que a actividade da Associação contempla.

09 fevereiro 2006

ANALISAR UM JORNAL

Impresso ou on-line, não nos deixemos iludir com a informação de qualquer jornal.

Com directores de “esquerda”. De “direita” ou do “Centro”.
Em terra de “esquerda” ou de “direita”.
A dúvida e a análise para todos .

O jornalismo (ou escrever num jornal!), como modo de vida, de afirmação pessoal, de procura de protagonismo, é toda manipuladora de sentimentos.
Esconde sempre um ou mais interesses.
É preciso, voltar a aprender a ler … nas entrelinhas.

Um bom jornal tem:

1
Independência relativamente a todos os poderes, especialmente ao poder governamental e politico, porquanto ela dá aos leitores a garantia de uma informação não manipulada nem manipuladora.
2
Compromisso com a verdade, que é uma resposta ao que o leitor quer encontrar quando abre as suas páginas.
3
Uma boa informação, na qual seja possível encontrar todos os ângulos dos factos.
4
Que esteja bem escrito e seja, por conseguinte, fácil e agradável de ler.
5
Informação com valor acrescentado, isto é, que não se limite a contar, mas que explique.
6
Bem editado, porque isso é um elemento técnico que ajuda à compreensão.
7
Com agenda própria, que lhe confira personalidade e o converta num produto que não possa ser substituído por outro similar.
8
Que seja capaz de reconhecer os seus erros: tal reconhecimento deixa no leitor a convicção de que, para o jornal, a verdade está acima de qualquer outra consideração.
9
Atenção às boas notícias, o que supõe mais profissionalismo e técnica do que exige a difusão de más notícias.

Nas localidades sem massa critica, a questão da ética e deontologia jornalística, nunca se coloca.

Os leitores compram ou assinam, compulsivamente, por força do hábito, querem saber se conheciam quem morreu, não são lidos e vão sempre para o caixote do gato!

08 fevereiro 2006

O CERCO

Não resisto à tentação de trazer ao "barreiro velho" o politicamente incorrecto de Miguel Sousa Tavares.

Ideias irreverentes, que só os irreverentes conhecem:

Deixei de acreditar que o estado deva gastar os recursos dos contribuintes a tentar “reintegrar” as “minorias” instaladas na assistência pública, como os ciganos, os drogados, os artistas de várias especialidades ou os desempregados profissionais.

Enfim, se eu escrever velho em vez de “idoso”, drogado em vez de “toxicodependente”, cego em vez de “invisual”, preso em vez de “recluso” ou impotente em vez de “portador de disfunção eréctil”, vou ser adoptado nas escolas do país como exemplo do vocabulário que não se deve usar.

Vou confessar tudo, vou abrir o peito às balas: estou a ficar farto desta gente, deste cerco de vigilantes da opinião e da moral, deste exército de eunucos intelectuais.

Também eu!

Enfastiado, desta corte de bajuladores, do politicamente correcto!

03 fevereiro 2006

O ESCARRADOR (IV)

Lembro-me, muito bem, quando o escarro foi desmascarado na Assembleia da República.

Um conhecido deputado, entretanto falecido, gritava para um outro, em pleno plenário:

V.Exª é um escarro! (Muito bem! Digo eu.)

A partir daqui, o escarro fica institucionalizado.

Presentemente, o nojento escarro, desmiolado, navega, perdido e sem rumo, na NET.

Escondido no anonimato, como terrorista PIDEsco, passa o tempo a armar ao pingarelho.

Vive inquieto.

Do Escarrador, passa para o Chão.
Do Chão para o Mar.
Do Mar para a Assembleia da República.
Da Assembleia da República para a NET.

É obra!

O destino deste miserável está marcado.

Ele sabe que não pode escapulir-se.

O lugar dele é terminar onde pertence.

O ESCARRADOR!

O ESCARRADOR (III)

O escarro não desiste de me perseguir, a mim, que desde miúdo, por educação, escarro para lenços.

Eram de pano (uma porcaria). Os de papel vieram depois.

(Há aqui um esquecimento. Também treinei escarradelas em comprimento.)

Este treino era-nos muito útil, no Barreiro Velho, para os ataques de escarradelas, entre conflitos de malta.

Também havia o cuspinho na cara.

Cuspia-se na mão e passava-se pela cara do outro.

Quem era capaz!

Antes do almoço, ia ao vinho.

Via sempre o taberneiro, frente ao balcão, com a preocupação de fazer no chão, uma cama com serradura.

Era assim, deste modo, que o chão acolhia o competente escarro, dos que bebiam o seu copito de três.

Depois, em casa, era um sarilho : come rapaz !

- continua -

02 fevereiro 2006

O ESCARRADOR (II)

É a partir daqui, que o escarro, com os seus direitos adquiridos, fica livre e o seu destino passa a ser o chão.

E não só! Persegue-me!

Tinha aí os meus treze anos, não esqueço as viagens de barco a Lisboa, para as aulas no Liceu Passos Manuel.

Viajava no “Alentejo”, no “Trás -os-Montes”, e no “Évora”.

Escarrava-se muito nos Barcos, que iam e vinham, de Barreiro a Lisboa.

Os de cima escarravam para os de baixo. Os debaixo escarravam para o mar.

Os debaixo com muita sorte, não levavam com um escarro, com a cumplicidade da gravidade e do vento.

Pelo seguro, viajava sempre em cima.

À época, em Lisboa, quem escarrava no chão pagava uma multa.

Depois das aulas, antes de apanhar o Barco, ia ao Rossio.

Na Tendinha, comia uma sandes de fiambre com um pastel de bacalhau.
A malta do Liceu, e eu, ficávamos junto à Suiça à espera dos que seriam multados.

Um espectáculo!

- continua -

01 fevereiro 2006

O ESCARRADOR

Sou do tempo dos escarradores que existiam no Posto Médico da CUF.
Era miúdo, e ele competia comigo em altura. Odiava-o!
Chegou a ser mais alto do que eu, depois ultrapassei-o rapidamente.
Era um objecto esquisito!
Tinha cerca de um metro de altura, com um pedal, tipo bateria de jaz, que se carregava e abria uma tampa.
Com a tampa aberta aparecia o “penico”.
A partir daqui, estava autorizada a escarradela.
Lembro-me de imitar os adultos. Empinava-me, saía cuspidela para a tampa!
Falta de pontaria, de altura, e ausência de bronquite.
Entretanto, sem dar por isso, os escarradores sumiram-se.

- continua -